Apuração

Deputado quer CPI para investigar corrupção na PM em São Paulo

Ex-tenente-coronel condenado no escândalo do “BNDES dos Coroneis” afirmou que todas as unidades da corporação têm esquema de caixa 2

Reprodução/GOVSP
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'Quem falar que não tem está mentindo', diz militar, sobre corrupção na PM

São Paulo – O deputado estadual Paulo Fiorilo (PT), líder da Federação PT/PCdoB/PV na Assembleia Legislativa paulista, protocolou nesta sexta-feira (15) pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncia de corrupção na Polícia Militar. O objetivo é apurar eventual prática de peculato nas unidades gestoras da PM de São Paulo. Para criação da CPI, é necessário o apoio de pelo menos 32 parlamentares, um terço da Casa (94 deputados).

O pedido se baseia em reiteradas denúncias feitas pelo ex-tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, apontado como chefe de um dos maiores esquemas de corrupção da história da PM paulista. O militar está preso desde 2017, cumprindo pena de 52 anos por peculato.

Adriano Filho afirmou ontem (14) ao jornal Folha de S.Paulo que há desvio de verbas em todas as unidades gestoras da corporação. O esquema de caixa 2 seria similar ao que levou à sua condenação. “Todas as unidades (gestoras executoras da PM) têm caixa 2. Todas (as 104) têm. Quem falar que não tem está mentindo”, declarou.

O esquema

De acordo com a denúncia, o ex-tenente-coronel criou empresas que venciam pregões da PM, que ele mesmo organizava. As compras e os serviços, no entanto, nunca eram concretizados. Assim, o dinheiro ia para o bolso dele e de outros agentes que faziam parte do esquema.

Na entrevista, ele afirmou que o esquema que funcionou entre 2005 e 2012, conhecido como “BNDES dos Coroneis”, beneficiou 27 oficiais da PM paulista. E teria injetado mais de R$ 2 milhões nas contas dos envolvidos. Desse modo, foram mais de 300 licitações fraudadas.

Na época, Adriano Filho trabalhava no Departamento de Suporte Administrativo do comando-geral da PM. Entre suas atribuições, o departamento é responsável pela manutenção e segurança do quartel-general da Polícia Militar. Ele próprio teria desviado cerca de R$ 7 milhões.

Diante das denúncias, o Legislativo “não pode se furtar” a cumprir o seu papel de investigar e apurar, disse Fiorilo. “A Polícia Militar é uma instituição secular, com um rígido código de conduta, e portanto, é fundamental que este Parlamento apure quaisquer fatos que abonem contra a instituição”, avalia o autor do pedido.