são bernardo

Deputado Orlando Morando expulsa repórter do ‘ABCD Maior’ de entrevista coletiva

Sindicato dos jornalistas e Associação Brasileira de Imprensa repudiam posicionamento do parlamentar

Orlando Morando/site oficial/reprodução

Morando se recusou a conceder entrevista, enquanto a jornalista não se afastasse dos profissionais da imprensa

ABCD Maior – O deputado estadual e pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Orlando Morando, expulsou a repórter do jornal ABCD Maior Karen Marchetti de uma entrevista coletiva e constrangeu a jornalista perante os demais colegas de profissão que acompanhavam uma convenção partidária em Diadema, na segunda-feira (25). Durante o evento, que formalizou o prefeito Lauro Michels (PV) como candidato à reeleição na cidade – com o apoio dos tucanos –, Morando se recusou a conceder entrevista aos jornalistas enquanto Karen Marchetti não se afastasse do grupo de profissionais da imprensa que buscavam uma declaração do parlamentar.

O deputado Morando se recusou a falar e solicitou que a jornalista se retirasse, alegando que não concordava com a linha editorial do jornal. Para não criar constrangimentos maiores, a repórter deixou o grupo que acompanhava a entrevista, sendo impedida de exercer sua profissão. O posicionamento de Morando já foi questionado pelo Sindicato dos Jornalistas e também pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

“A Regional ABCD do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) vem a público repudiar a atitude do deputado estadual Orlando Morando de constranger a jornalista Karen Marchetti no exercício de sua função. Constranger jornalista é também um atentado contra a liberdade de imprensa”, publicou em nota oficial o sindicato.

De acordo com o diretor da ABI, Moura Reis, o posicionamento do deputado não era visto nem mesmo durante a ditadura civil-militar (1964-1985).

“Estranho a atitude do deputado. Embora seja importante lembrar que ninguém é obrigado a dar entrevista. Fui repórter durante a ditadura e, em nenhum momento, me recordo de ver algum profissional ser retirado ou impedido de exercer seu trabalho. Trabalhei no Correio da Manhã durante o governo militar, que buscava ainda fazer oposição ao regime logo após o golpe, e nunca o general Castelo Branco se recusou a responder uma pergunta minha”, garantiu Reis.

Para o diretor da ABI, a postura do deputado pode confundir seus eleitores. “Então, se ele se tornar prefeito de uma cidade, Morando irá atender apenas os moradores que o apoiam e o aplaudem? Ou irá isolar um bairro onde não obteve a maioria dos votos. Um político eleito passa a integrar o processo democrático. Isso não deve ser esquecido”, completou Reis.

A assessoria de imprensa do deputado foi procurada, mas não atendeu à reportagem.