Governo Temer

Conselhão elege comitê gestor, sem representante dos trabalhadores

Conselheiro mais votado, publicitário Nizan Guanaes já defendeu adoção de medidas 'amargas e impopulares'

Fernando Aguiar/Romero Cunha

Novo Conselho foi instalado há dez dias, sem CUT e CTB e com critérios contestados

São Paulo – O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), conhecido como Conselhão, remodelado na gestão Temer, elegeu ontem (29) seu comitê gestor, com cinco integrantes, todos vinculados à iniciativa privada, sem nenhum representante dos trabalhadores. Os eleitos foram o publicitário Nizan Guanaes (42 votos), do Grupo ABC de Comunicação, a presidenta da Latam Airlines Brasil, Claudia Sender (41 votos), a ex-ministra Dorothea Werneck (38), integrante da Academia Brasileira de qualidade, o ex-governador Germano Rigotto (30), presidente do Instituto Reformar de Estudos Políticos e Tributários e diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), e o presidente da Google Brasil, Fabio Coelho (26).

Na instalação do Conselhão, no último dia 21, Nizan Guanaes sugeriu a Michel Temer que adotasse medidas “amargas” e “impopulares” para a economia. E disse que o empresariado não pode competir no mundo “com leis da época de Getúlio Vargas”.

Representante da Força Sindical no Conselhão, a secretária de Cidadania e Direitos Humanos da central, Ruth Coelho Monteiro, enviou mensagem à Secretaria do CDES na qual afirma que o método de escolha do comitê “não reflete a representatividade que esse importante instrumento de gestão deve ter”. E lembrou que a composição numérica do Conselho é “majoritariamente empresarial”, com apenas cinco representantes de centrais (CUT e CTB não integram o colegiado) e o Dieese. Ela sugeriu que uma das vagas do comitê fosse destinada à representação dos trabalhadores.

Votaram 88 dos 96 integrantes do Conselhão, entre os dias 24 e 28, por meio eletrônico. Cada um escolheu cinco candidatos, de um total de 30. O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, teve 16 votos, enquanto o presidente da CSB, Antonio Neto, recebeu 10.

A primeira reunião do comitê está prevista para dezembro, ainda sem dia definido, no Palácio do Planalto.