Em debate

Comissão da Câmara aprova PEC que reserva vagas para deputados negros

Se proposta fosse aprovada hoje, um terço dos assentos ficariam reservados. Em outra comissão, PEC do voto aberto para cassação de mandato é aprovada

Lúcio Bernardo Jr/Câmara

Após passar pela CCJ, proposta será debatida em comissão especial antes de ir a plenário

 

São Paulo – A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou hoje (30) a admissibilidade de proposta que reserva vagas na Câmara, nas assembleias legislativas e na Câmara Legislativa do Distrito Federal, por cinco legislaturas, para parlamentares negros.

De acordo com o texto, a porcentagem de vagas reservadas será de dois terços do percentual da população que se declarou preta ou parda no último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo os dados de 2010, esta porcentagem equivale a 50,7%, por isso, se a PEC entrasse em vigor hoje, dos 513 deputados do Congresso, 173 seriam negros ou mulatos. Além disso, a proposta aponta que a quantidade não pode ficar abaixo dos 20% ou ser maior que a metade das vagas.

A proposta prevê ainda a prorrogação da reserva por mais cinco legislaturas, ou seja, vinte anos, por intermédio de uma lei complementar. O relator na CCJ, deputado Luiz Couto (PT-PB), defendeu a medida. A medida será analisada por uma comissão especial e, depois, votada em dois turnos pelo Plenário.

Voto aberto

Também hoje foi aprovada, por comissão especial, a proposta de emenda à Constituição 196, de 2012, que prevê o voto aberto nos casos de perda de mandato dos parlamentares. Após acordo entre os integrantes do colegiado, a emenda do PT que determinava o voto aberto em todas as votações foi rejeitada pelo relator, deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).

A proposta aprovada prevê o fim do voto secreto em processos de perda de mandato de deputados e senadores nos casos de condenação criminal em sentença transitada em julgado; quando o parlamentar tiver comportamento incompatível com o decoro parlamentar; se tiver contrato com estatal ou órgão público; ou caso seja detentor de mais de um cargo de mandato público eletivo.

O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) lembrou que o Senado está analisando a proposta que saiu da Câmara e prevê o voto aberto em todas as votações (PEC 349/01). “Aprovar pelo menos para a cassação de mandato já é um ganho, mas o ideal é aprovar o voto aberto para todas as votações”, disse.

O presidente da comissão especial, deputado Sibá Machado (PT-AC), afirmou que era melhor votar a matéria como foi enviada pelo Senado, sem prejuizo para que outras emendas possam ser apresentadas em plenário. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que é provável que a primeira votação seja realizada já na próxima semana.