São Paulo – O combustível do helicóptero do deputado estadual mineiro Gustavo Perrella (Solidariedade) apreendido com 445 quilos de pasta-base de cocaína é bancado pela Assembleia Legislativa. Segundo reportagem do jornal O Tempo, entre janeiro e outubro deste ano o parlamentar gastou R$ 14.071 com querosene para avião. O salário do piloto, de R$ 1.700 ao mês, também era bancado com dinheiro público desde abril até a última terça-feira, quando Rogério Almeida foi exonerado.

O texto conta que o valor utilizado pelo gabinete de Perrela, filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG), é suficiente para bancar 2.814 litros, a um custo de R$ 5 por litro, o bastante para percorrer 6.500 quilômetros.

Ontem, o deputado admitiu ter utilizado verba indenizatória para encher o tanque do Robinson R-66, de propriedade da empresa Limeira Agropecuária e Participações Ltda. Ele reconhece também que utiliza o helicóptero para deslocamentos pessoais e empresariais, junto com a irmã e o primo.

Os abastecimentos com recursos da verba indenizatória são regulares e só não aconteceram em fevereiro e abril deste ano. Em junho, por exemplo, o valor gasto chegou a R$ 3.483. Em julho, no recesso parlamentar, o deputado gastou R$ 1.547 em querosene de avião.

A cota mensal é de R$ 5.000 para combustível e lubrificante, segundo O Tempo. Segundo a Assembleia, o valor não poderia ser gasto com transporte aéreo.

O promotor Eduardo Nepomuceno disse que há suspeita de irregularidade e que irá abrir uma investigação. “Os gastos só podem ser para uso do exercício do mandato. Lembro que o MP já investiga os gastos da mesma natureza referentes a Zezé Perrella (senador, pai de Gustavo) no período em que este foi deputado estadual”, explicou o promotor.

Gustavo Perrella entende não haver irregularidade em abastecer o helicóptero de sua empresa com o dinheiro da Assembleia. “Todas as vezes que abasteci com a verba da Assembleia foi a trabalho, para visitar as minhas bases”, disse.

Além de helicóptero, Perrella parece apreciar uma viagem de carro. Este ano, gastou R$ 27.185 em combustível para seus veículos, sem que tivesse de apresentar à Assembleia recibos comprovando os gastos. A assessoria da Casa diz que se entende como “subentendido” que a utilização dos automóveis se deu a trabalho.