Sem ódio

CNBB pede diálogo: ‘Estado de Direito foi conquistado com luta’

'Qualquer resposta que atenda ao mercado e aos interesses partidários antes que às necessidade do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e desvia-se do caminho da justiça', diz a entidade

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Nota é assinada pelo presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis (arcebispo de Aparecida, SP)

São Paulo – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao mesmo tempo em que defendeu as manifestações, fez um apelo para que sociedade e instituições busquem o diálogo, “que supera os radicalismos e impede o ódio e a divisão”. Em nota, a entidade identifica uma situação crítica no país, “que, negada ou mal administrada, poderá enfraquecer o Estado Democrático de Direito, conquistado com muita luta e sofrimento”.

É uma situação que requer medidas urgentes, mas voltada para os setores mais vulneráveis da população. E as cobranças devem ser feitas dentro da normalidade, acrescenta a CNBB. “Qualquer resposta, no entanto, que atenda ao mercado e aos interesses partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e desvia-se do caminho da justiça. Cobrar essa resposta é direito da população, desde que se preserve a ordem democrática e se respeitem as instituições da comunidade política.”

A CNBB pede “rigorosa apuração dos fatos e responsabilização”, referindo-se às denúncias de corrupção na gestão do patrimônio público. “Enquanto a moralidade pública for olhada com desprezo ou considerada empecilho à busca do poder e do dinheiro, estaremos longe de uma solução para a crise vivida no Brasil”, afirma. “A solução passa também pelo fim do fisiologismo político que alimenta a cobiça insaciável de agentes públicos, comprometidos sobretudo com interesses privados”, acrescenta, pedindo uma reforma política “que renove em suas entranhas o sistema em vigor e reoriente a política para sua missão originária de serviço ao bem comum”.

A entidade observa que manifestações são “comuns em épocas de crise” e um direito democrático que deve ser garantido pelo Estado. “O que se espera é que sejam pacíficas”, acrescenta. “Nesta hora delicada e exigente, a CNBB conclama as instituições e a sociedade brasileira ao diálogo que supera os radicalismos e impede o ódio e a divisão. Na livre manifestação do pensamento, no respeito ao pluralismo e às legítimas diferenças, orientado pela verdade e pela justiça, este momento poderá contribuir para a paz social e o fortalecimento das instituições democráticas.”

A nota é assinada pelo presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis (arcebispo de Aparecida, SP), o vice, dom José Belisário da Silva (arcebispo de São Luís), e o secretário-geral, dom Leonardo Ulrich Steiner (bispo auxiliar de Brasília).