Campanha de Haddad minimiza novas condições e dá como certo apoio do PMDB

Coordenador Antônio Donato desafia PSDB a fazer 'debate ético por inteiro' e afirma que seu partido não vai fugir da conversa sobre corrupção

São Paulo – O coordenador da campanha do PT à prefeitura de São Paulo, vereador Antônio Donato, minimizou hoje (10) as novas condições impostas pelo PMDB para apoiar o candidato Fernando Haddad e desafiou o PSDB a promover um debate ético “por inteiro”, em resposta à tentativa dos tucanos de transformar em dividendo eleitoral o julgamento do caso do mensalão, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Donato minimizou a decisão anunciada de última hora pelos peemedebistas de apresentar duas novas condições para a adesão à candidatura de Haddad. “Eles têm problemas internos. Com a gente está tudo certo. Eles têm uma dinâmica própria. Da nossa parte, foi informado que eles vão nos apoiar”, afirmou ao sair de reunião entre os líderes petistas em vários estados para discutir a estratégia para o segundo turno. Hoje, o PMDB desmarcou no último instante entrevista coletiva convocada para anunciar o apoio ao candidato e indicou que quer do PT uma postura neutra em Natal e um papel discreto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno em Mauá, na região metropolitana de São Paulo.

Donato afirmou ainda ver com “naturalidade” a decisão da cúpula do PRB, também oficializada hoje, de manter a “neutralidade” no segundo turno sob o argumento de que a campanha está marcada por “baixaria” dos dois lados. Para o petista, porém, o verdadeiro motivo é o fato de o PRB, que pertence à base aliada de Dilma Rousseff, ver nesta medida uma maneira de se fortalecer para o futuro. 

Debate ético

Donato reforçou a linha de argumentação fechada pelo PT na tentativa de desmontar o uso, pelo PSDB, do caso do mensalão como uma arma eleitoral. Para o coordenador da campanha de Haddad, é preciso debater também o caso do mensalão tucano, surgido durante o governo estadual de Eduardo Azeredo como forma de promover o desvio de recursos ilegais arrecadados em campanhas eleitorais. “Se vamos fazer um debate ético, vamos fazer ele inteiro. Não vamos fazer pela metade. E eles (os tucanos) têm muitas explicações no campo ético pra dar. Não vai ser seletivo o debate. Nós não vamos fugir desse debate.”

O candidato do PT evocou a questão hoje pelo segundo dia seguido, defendendo que o STF possa adotar os mesmos critérios na hora de julgar o caso envolvendo Azeredo. “Acredito que o Supremo poderá julgar o caso do mensalão do PSDB e mostrar a sua imparcialidade”, afirmou Haddad, durante carreata em Cidade Tiradentes, na zona leste da cidade. 

Quanto aos focos de campanha, Donato adotou posição parecida à dos coordenadores de Serra na busca pela vitória: a prioridade serão os bairros nos quais o petista tem mais chances de vitória, ou seja, na periferia, reforçando a visão de que o eleitorado da cidade se divide entre os bairros centrais, mais favoráveis a políticos conservadores, e os arredores, propensos a nomes associados a ideias progressistas. “A gente vai para todos os lugares, mas é mais fácil ir atrás de voto onde as pessoas já votaram no Haddad. Na periferia há uma rejeição muito grande ao Serra”, explicou Donato. 

Os comitês de Serra e Haddad ainda tentam uma solução para o número excessivo de debates ao longo do segundo turno. Se mantida a programação atual, são sete embates em 11 dias, em caminho contrário ao do primeiro turno, quando Globo e Record cancelaram os eventos que deveriam ter sido realizados na última semana, provocando protestos dos petistas. “Nós defendemos em principio o debate nas quatro emissoreas de maior audiência. O PSDB parece que quer fazer em três, excluindo a Record. Isso está sendo discutido pela área de comunicação da campanha.”