Premeditado

Bolsonaro quis mobilizar politicamente o movimento antivacina, diz Padilha

Para ex-ministro da Saúde, a consulta pública sobre vacinação serviu para atrasar a imunização das crianças de 5 a 11 anos e também para insuflar agrupamentos antivacina

Eduardo Matysiak
Eduardo Matysiak
Para ex-ministro, Bolsonaro quer ser lider do movimento antivacina e assim ganhar apoio político

São Paulo – O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha avalia que a mobilização política do movimento antivacina esteve entre os principais objetivos do governo de Jair Bolsonaro com a consulta pública sobre a inclusão de crianças de 5 a 11 anos na campanha de vacinação contra a covid-19.

“O objetivo eleitoral foi mobilizar, junto a Bolsonaro, o movimento antivacina. Ele, com a consulta, fez um cadastro do movimento antivacina no Brasil e pode usar isso politicamente nessa disputa em 2022”, disse Padilha à jornalista Marilu Cabañas, na edição desta quarta-feira (5) do Jornal Brasil Atual.

Na opinião de Padilha, não é que Bolsonaro não tenha crença na vacina e por isso tenha todo esse comportamento em relação aos imunizantes. “Ele sempre tomou. Senão, não teria decretado sigilo de 100 anos sobre sua carteira de vacinação. Fez isso exatamente para ninguém saber se tomou. Ele quer ser o representante desse movimento antivacina, pegar ali uns 5% a 10% de votos na disputa político-eleitoral do país”, disse.

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Padilha classificou de “show de horrores” tanto a consulta pública, realizada de 23 de dezembro a 2 de janeiro, como a audiência pública de ontem. “O Ministério da Saúde já tinha uma decisão sobre a inclusão das crianças de 5 a 11 anos no programa de vacinação contra covid-19. No dia em que o ministro (Marcelo Queiroga) chamou a consulta pública já expressou a opinião dele. O Brasil, que já liderou a vacinação no mundo, hoje está na rabeira. Muitos países já começaram a vacinar crianças nessa faixa etária há três, quatro meses.”

Para o ex-ministro, o governo deveria ter começado o processo assim que a Anvisa autorizou, em meados de dezembro. “A gente já poderia ter feito um dia nacional de vacinação e ter vacinado todas as crianças para o início das aulas.”

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