SEM EMPATIA

Internado, Bolsonaro faz uso político de seu estado de saúde, aponta cientista político

Presidente está hospitalizado após sofrer uma obstrução intestinal durante férias em Santa Catarina

REPRODUÇÃO
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Ao expor suas fragilidades nas redes sociais, internado, Bolsonaro busca apoio e empatia da população. Em queda nas pesquisas eleitorais, o atual mandatário vê sua popularidade despencar e a reeleição em xeque

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro está internado, em São Paulo, desde a última segunda-feira (3), após sofrer com uma obstrução intestinal. Ele saiu de sua temporada de folga em Santa Catarina e foi direto para o hospital Vila Nova Star, na zona sul da capital. O problema é motivado pela facada sofrida por Bolsonaro em setembro de 2018, mas os médicos que o acompanham já descartaram a necessidade de uma cirurgia.

Durante o dia de ontem, as redes sociais se dividiram sobre o estado de saúde de Bolsonaro. Em suas publicações, diversos internautas trocaram as mensagens de solidariedade por cobranças em relação à omissão de sua gestão sobre as enchentes que assolam o sul da Bahia.

“No caso da Bahia, o presidente foi andar de jet ski em Santa Catarina. Isso vai criando alguns paradoxos, como a falta de humanidade do governo com as populações atingidas pela chuva, enquanto Bolsonaro pede solidariedade a ele. A partir disso, muitas pessoas usam essa situação para se opor ao presidente”, afirmou o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Sem apoio

Ao expor suas fragilidades nas redes sociais, internado, Bolsonaro busca apoio e empatia da população. Em queda nas pesquisas eleitorais, o atual mandatário vê sua popularidade despencar e a reeleição em xeque. Niccoli acredita que a população chegou ao limite do esgotamento com as ações e omissões do presidente e, por isso, deixou de apoiá-lo mesmo nessas circunstâncias.

“Tem duas fórmulas de uma figura carismática buscar apoio da população. Um dos exemplos é Lula, que fala sobre os problemas do povo e cria uma imagem positiva. No caso de Bolsonaro, ele tenta ser carismático, mas por meio da truculência. Ele está chegando em um nível de esgotamento, após todo o caos vivido pelo Brasil e sem o apoio do próprio presidente. Ninguém torce para ele morrer, mas querem ele vivo para pagar na Justiça pelos crimes que cometeu”, disse o cientista político.

Ainda ontem, a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem mostrando que banqueiros e empresários não acreditam mais na chamada ‘terceira via’, apostando as fichas numa disputa entre Lula e Bolsonaro, em 2022. Alguns, inclusive, já tendem a apoiar o petista na corrida presidencial.

“A elite é dependente do ponto de vista econômico das práticas internacionais. Por uma pressão do mercado externo, que não rejeita Lula, a tendência é que isso influencie os empresários brasileiros. Mas existe a ignorância, já que muitos empresários não são brilhantes intelectualmente e só mantiveram o patrimônio herdado de suas gerações anteriores. E foram estes que deram carta branca para Bolsonaro e Paulo Guedes. Então, o empresariado já desembarcou do governo atual, seja por pressão externa ou por terem visto que não é um bom negócio”, acrescentou.

Confira a entrevista