Lero mentiroso

Bolsonaro fala em ações contra pandemia direto do ‘país das maravilhas’

Em pronunciamento de três minutos, presidente promete, em rede nacional, retomada da “vida normal” no dia em que mais de 3 mil pessoas foram mortas pela covid-19

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Um ano depois, presidente mente novamente em rede nacional: negacionismo de Bolsonaro já custou cerca de 300 mil vidas

São Paulo – No dia em que mais de 3.200 pessoas foram vitimadas pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro falou em rede nacional durante três minutos para dizer que a “vida normal” será retomada em breve, tal como dizia um ano e 300 mil vidas atrás. Bolsonaro mentiu para o país, entre outras coisas, ao destacar “que hoje somos o quinto país que mais vacinou no mundo”. Além de desinformar, o presidente da República pediu a ajuda de Deus, mas não explicou de que maneira o Brasil, sem governo no combate à pandemia do novo coronavírus, conseguirá reagir.

A fala do presidente da República em rede nacional foi acompanhada por panelaços e gritos de “fora Bolsonaro” por todo o país. Nesta mesma terça-feira (22), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi inocentado das condenações promovidas pela Operação Lava Jato. Isso porque a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, suspeito para julgar Lula.

Ainda não se sabe se a rápida incursão de Bolsonaro em rede nacional se deveu ao revés imposto pela Justiça. O atual ocupante da Presidência da República já afirmou outras vezes que Lula seria “carta fora do baralho”. Agora vê a sombra do ex-presidente, enquanto acelera a destruição na saúde, na educação, na cultura, no meio-ambiente, na economia e na democracia. O Brasil amarga 14 milhões de desempregados, e em meio a um cenário de guerra de pandemia, tem menos de 5% da população vacinada.

“E em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome”, afirmou, sem dizer quais.

Um ano de negacionismo

Há um ano, no dia 24 de março, Bolsonaro esteve em rede nacional para promover a “gripezinha” que hoje destrói famílias inteiras. Então, segundo o presidente da República, a maioria das pessoas não teria qualquer manifestação caso fosse contaminado pela covid-19. “Devemos, sim, é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde”, afirmou propagando o negacionismo marca desse Brasil bolsonarista. 

No pronunciamento de um ano atrás, o presidente já defendia a eficácia da cloroquina no tratamento da covid-19. Além de incipiente, a cloroquina está custando vidas e aumentando as filas por transplantes de fígado. “Nosso governo tem recebido notícias positivas sobre esse remédio fabricado no Brasil, largamente utilizado no combate à malária, ao lupus e à artrite”, frisou em desrespeito a médicos e cientistas.

“Sem pânico ou histeria, como venho falando desde o princípio, venceremos o vírus e nos orgulharemos de estar vivendo nesse novo Brasil, que tem tudo, sim, tudo para ser uma grande nação. Estamos juntos, cada vez mais unidos. Deus abençoe nossa Pátria querida”, concluiu, da mesma maneira que há um ano.  

Pronunciamento de Bolsonaro

Boa noite. Estamos no momento de uma nova variante do coronavírus, que infelizmente tem tirado a vidas de muitos brasileiros. Desde o começo eu disse que tínhamos dois grandes desafios: o vírus e o desemprego. E em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome.

Quero destacar que hoje somos o quinto país que mais vacinou no mundo. Temos mais de 14 milhões de vacinados e mais de 32 milhões de doses de vacina distribuídas para todos os estados da federação. Graças às ações que tomamos logo no início da pandemia, em julho de 2020, assinamos um acordo com a Universidade de Oxford para a produção na Fiocruz de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca. E liberamos, em agosto, 1 bilhão e 900 milhões de reais.

Em setembro de 2020, assinamos outro acordo, com o consórcio Covax Facility, para a produção de 42 milhões de doses. O primeiro lote chegou no domingo passado. E já foi distribuído para os estados. Em dezembro, liberamos mais 20 bilhões de reais, o que possibilitou a aquisição da Coronavac, através do acordo com o Instituto Butantan. Sempre afirmei que adotaríamos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa, e assim foi feito. Hoje, somos produtores de vacina em território nacional. Mais do que isso, fabricaremos o próprio insumo farmacêutico ativo, que é a matéria prima necessária.

Vida normal?

Em poucos meses, seremos autossuficientes na produção de vacinas. Não sabemos por quanto tempo teremos que enfrentar essa doença, mas a produção nacional vai garantir que possamos vacinar os brasileiros todos os anos, independentemente das variantes que possam surgir. Neste mês, intercedi pessoalmente junto à fabricante pfizer para a antecipação de 100 milhões de doses, que serão entregues até setembro de 2021. E também com a Janssen, garantindo 38 milhões de doses para este ano. Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão garantidas. Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população.

Muito em breve, retomaremos nossa vida normal. solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em suas famílias. que Deus conforte seus corações. estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros. somos incansáveis na luta contra o coronavírus. Essa é a missão e vamos cumpri-la. Deus abençõe o nosso Brasil.