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Twitter exclui posts de Malafaia por chamar vacinação de crianças de ‘infanticídio’

Aliado de Bolsonaro, pastor Silas Malafaia teve 11 posts excluídos pela rede social após forte pressão de usuários a partir da hashtag #DerrubaMalafaia, que desde ontem à noite continua a ser um dos mais mais comentados

Isac Nóbrega/PR
Isac Nóbrega/PR
Próximo de Bolsonaro, Malafaia apoia a narrativa do presidente

São Paulo – O Twitter excluiu 11 posts do pastor Silas Malafaia nos quais ele chama de “infanticídio” a vacinação infantil contra a covid-19. Na noite de ontem (10), a hashtag #DerrubaMalafaia entrou na lista de assuntos mais comentados do Twitter no Brasil. Incentivados pelo perfil Desmentindo Bolsonaro, os usuários usaram a hashtag para pressionar a rede social a retirar os conteúdos, além de punir o pastor, que é aliado de Jair Bolsonaro (PL).

“Vacinar crianças é um verdadeiro infanticídio. Os números provam que não há necessidade de fazer isso”, escreveu o religioso, sem apresentar dados e contrariando diversos estudos científicos, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o próprio Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em dezembro, a Anvisa autorizou a aplicação do imunizante da Pfizer para a faixa etária entre 5 e 11 anos. A agência concluiu, após análise de estudos, que o produto é seguro também para esse público. 

Fiel à postura e narrativa do presidente, Malafaia foi além: reforçou o discurso presidencial, que afirma não haver “mortes suficientes” de crianças na faixa de 5 a 11 anos que justifiquem a vacinação. Porém, os dados desmente o pastor: pelo menos 2,5 mil crianças morreram de covid no Brasil desde o início da pandemia, em março de 2020.

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Se preocupe com a doença, não com a vacina, Malafaia

A vacina é segura, segundo as autoridades médicas. Diante de comentários sobre possíveis riscos decorrentes da imunização de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reiterou que a população não deve temer a vacina, mas sim a doença, que ela busca prevenir. Da mesma forma como suas complicações, como as chamadas covid longa e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica, manifestações que consolidam a necessidade da imunização do público infantil.

A vacinação desse público é estratégia importante para reduzir o número de mortes pela covid-19 nessa faixa etária, no Brasil, cujos indicadores são mais expressivos do que em outras nações. Até o momento, os estudos realizados apontam a eficácia e a segurança da vacina aplicada na população pediátrica, a qual é fundamental no esforço para reduzir as formas graves da covid-19.

Além disso, conforme a SBP, a vacina previne a morte, a dor, sofrimento, emergências e internação em todas as faixas etárias. “Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas, bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos, é um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas”, disse a entidade em nota.

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