Bancada do PT na Câmara de São Paulo retira apoio para homenagem à Rota

São Paulo – A bancada do PT na Câmara Municipal de São Paulo decidiu retirar as assinaturas do requerimento para concessão de homenagem às Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), proposta […]

São Paulo – A bancada do PT na Câmara Municipal de São Paulo decidiu retirar as assinaturas do requerimento para concessão de homenagem às Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), proposta pelo vereador Coronel Telhada (PSDB). A corporação receberia a Salva de Prata, principal comenda do Legislativo paulistano. A alegação da bancada petista, a maior do Parlamento, com 11 vereadores, é de que o projeto falava apenas em homenagem ao batalhão, mas a justificativa se tratava “de uma apologia aos métodos adotados pela Rota durante os anos de chumbo”.

A liderança do partido afirma que é prática no plenário fazer coleta de assinaturas para homenagear quem presta ou prestou serviços considerados relevantes ao município. “Quando somos solicitados ninguém se nega a colaborar com esse pedidos”, diz nota divulgada hoje (26). Foi o que aconteceu no caso da Rota, que seria “uma homenagem como tantas outras que costumamos fazer por aqui”. Mas a exposição de motivos, afirmam os petistas, nega “a realidade dos fatos”.

“Ninguém, em sã consciência, pode admitir que se qualifique expoentes da resistência à ditadura de ‘criminosos e terroristas’. Carlos Marighella e o Capitão Lamarca foram homens que lutaram por ideias de liberdade. No regime de exceção a repressão policial agiu com violência desmedida”, afirma a nota da liderança. Na justifica ao Projeto de Decreto Legislativo 6, Telhada cita entre os “relevantes serviços” da Rota a campanha contra o “terrorismo” implementado por nomes como Marighella e Carlos Lamarca.”Não podemos admitir que companheiros que lutaram no combate ao regime militar recebam a pecha de ‘terroristas’. O PT é contra essa distorção dos fatos e votará contra a propositura”, afirma a bancada.

Durante a reinstalação da Comissão da Verdade Vladimir Herzog, na Câmara, houve questionamentos à proposta de homenagem. Para a vice-presidenta, vereadora Juliana Cardoso (PT), trata-se de uma apologia a um grupo ligado à ditadura. “As ações ocorridas durante esse período ferem os direitos humanos e não queremos esse tipo de postura na sociedade. Além disso, seria um desrespeito completo com as famílias das vítimas”, declarou. Já Rubens Wagner Calvo (PMDB) disse ser favorável à entrega da comenda, mas acrescentou que não apoia nenhum tipo de agressão. “A Rota é uma polícia de elite, única que consegue segurar o crime que está acontecendo na cidade. Precisamos de uma polícia ostensiva e com preparo para defender os cidadãos paulistanos.”

Ex-presidente da Casa, José Police Neto (PSD) propôs que se converse com Telhada no sentido de que ele repense a proposta. “Precisamos mostrar a ele a inconsistência dessa fórmula apresentada na justificativa.” O relator da Comissão da Verdade, Mario Covas Neto (PSDB), ofereceu-se para a tarefa. “Eu assinei favorável para que essa matéria tivesse o devido encaminhamento. Meu entendimento é que isso seria uma homenagem a Rota de hoje e não àquela da época da ditadura. E, realmente, se a justificativa apresenta essas considerações, ele se equivocou e não posso apoiar essa iniciativa”, afirmou.

Com informações do site da Câmara Municipal de São Paulo