São Paulo – Em sessão tensa e repleta de acusações, a Assembleia Legislativa do Ceará suspendeu hoje (20) o deputado estadual André Fernandes (Republicanos) por 30 dias. Bolsonarista e youtuber, o parlamentar foi punido em processo disciplinar por ter dito que recebia denúncias de que após acusar sem provas o também deputado Nezinho Farias (PDT) de integrar facção criminosa. Ele chegou a pedir desculpas.

Foram 29 votos favoráveis e 11 contrários, além de três abstenções, uma delas do presidente da Casa, José Sarto (PDT). Houve duas ausências. Eram necessários 24 votos para aprovar a suspensão do mandato.

Eleito em 2018, aos 20 anos, André Fernandes é o parlamentar mais jovem da Assembleia Legislativa do Ceará e também do país. Foi o deputado mais votado no estado, com 109.742 votos.

O youtuber começou a ganhar fama na internet especialmente após postar vídeos de apoio ao golpe do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. O então estudante reuniu admiradores o suficiente para se candidatar a deputado estadual e passou a defender a candidatura de Jair Bolsonaro.

Garoto problema

Fernandes é pivô frequente de polêmicas. Contra ele pesam, por exemplo, uma representação por ter postado foto, no ano passado, com o gesto da saudação nazista e bigode que fazia referência a Hitler. Na época, ele afirmou que a exploração da imagem nas redes sociais havia sido “tirada de contexto”.

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), já entrou com representação criminal contra André Fernandes por calúnia, difamação e injúria. Segundo o documento, o deputado, para além da crítica política, usa as redes sociais para divulgar mentiras e ofensas ao governador.

Em maio, entidades representativas dos médicos do Ceará encaminharam abaixo-assinado à Assembleia pedindo a cassação do mandato de André Fernandes. Os cerca de 100 profissionais que assinaram o documento acusam o parlamentar de divulgar falsas informações contra o secretário estadual da Saúde, Carlos Roberto Rodrigues Sobrinho (Dr. Cabeto). Fernandes acusou o secretário e a classe médica de alterar atestados de óbito que apontavam a covid-19 como causa da morte.

O parlamentar divulgou dados errados sobre o número de doenças respiratórias no Ceará em suas redes sociais em uma tentativa de relativizar e minimizar as mortes causadas pela pandemia de covid-19 no estado. A mensagem foi compartilhada pelo presidente Jair Bolsonaro. A publicação foi ocultada pelo Instagram e classificada como fake news.

Com informações dos portais G1 e dos jornais Diário do Nordeste, Estado de Minas e O Povo