Após conversar com PT e PSDB, PRB decide por ‘neutralidade’ em São Paulo

Presidente do partido e Celso Russomanno, terceiro lugar no primeiro turno, afirmam que não vão apoiar nenhum dos lados por previsão de que debate político será dominado por 'baixaria'

“Vamos nos manter neutros em respeito ao eleitor”, disse Russomanno (Foto: Paduardo. Folhapress)

São Paulo – Alegando enxergar “indícios de baixaria” tanto na campanha do PT como do PSDB, o PRB anunciou hoje (10) que vai manter postura neutra no segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo. A decisão foi comunicada em coletiva de imprensa no comitê político de Celso Russomanno, na zona sul da cidade. O candidato ficou em terceiro lugar no primeiro turno do pleito na capital e seu apoio vinha sendo desejado por tucanos e petistas.

“O PRB é um partido independente e eu sou subordinado única e exclusivamente à minha consciência. Neste momento, ela não me permite caminhar nem com um nem com outro lado”, afirmou o presidente nacional da sigla, Marcos Pereira. “Nosso partido não apoiará a candidatura de José Serra e, ao contrário do que todos achavam e davam como certo, também não apoiará a candidatura de Fernando Haddad.”

De acordo com o líder do PRB, a decisão pela neutralidade foi tomada por haver sinais de que o segundo turno será marcado pelo baixo nível. “Eu me reuni ontem com algumas pessoas do PT e do PSDB, não para negociar apoio, mas para ouvi-los e saber como eles pensavam fazer a campanha nesse segundo turno”, contou. “Ao ver que um vai atacar o outro, decidimos que não deveríamos entrar nessa baixaria. Tudo indica que o segundo turno tende a ir para um nível ruim.”

A baixaria que tomará conta do segundo turno é um dos motivos para a neutralidade, mas não o único. Celso Russomanno diz que a postura foi tomada também em respeito aos eleitores que apertaram 10 no último domingo (7). E não foram poucos. Mais de 1,314 milhão de paulistanos votaram no candidato do PRB, número que representa 21,6% dos votos válidos. “O eleitor decidiu votar na nossa candidatura porque não queria nem Serra nem Haddad”, interpreta. “Peço a nossos eleitores que, se houver baixaria mais uma vez no segundo turno, que fiquem neutros também.”

Dessa maneira, prevaleceu a posição do candidato, que, com o olho nas próximas eleições, estava pressionando a direção do partido para manter a neutralidade. Assim, poderá continuar apresentando-se como uma “terceira via” entre PT e PSDB, como fez questão de ressaltar seu vice na chapa para a prefeitura, Luiz Flávio Borges D’Urso (PTB). Russomanno não admitiu, mas deve negociar com o PRB sua postulação ao governo do estado de São Paulo em 2014.

Tanto Pereira como Russomanno negaram que a oferta de cargos e participação no governo do PT ou PSDB, em cargo de vitória, tenha sido baixa. Ambos também rechaçaram que tenham condicionado seu apoio no segundo turno a barganhas políticas. “Se a gente tivesse atrás de cargo, eu estaria deputado”, rebateu Russomanno. “Até porque não se faz oferta”, complementou o presidente do PRB. “Ninguém discute qual espaço que vai ter. Ninguém delimita você terá essa secretaria, esse ministério. Isso não existe.”

O PRB integra a coalizão de apoio a Dilma Rousseff no Congresso, e o senador licenciado Marcelo Crivella (RJ) é o ministro da Pesca e Aquicultura desde fevereiro deste ano. O presidente nacional do partido confirmou que Crivella teve uma conversa na última segunda-feira (8) com a presidenta Dilma Rousseff. “Ela pediu a que a gente mantivesse o apoio e o alinhamento da base, mas não foi possível”, relatou Marcos Pereira. Questionado sobre o que a sigla faria se, ao negar apoio a Haddad, perdesse participação no Executivo federal, o líder do PRB deu de ombros. “Se ela pedir o Ministério de volta, Crivella volta pro Senado e a vida continua.”