São Paulo – O governo de Jair Bolsonaro é o grande responsável pela alta da inflação, de acordo com a avaliação de 75% dos brasileiros. O levantamento é do Datafolha. O descontentamento da população com Bolsonaro supera a falsa narrativa do governo federal, que tentou justificar a crise econômica como consequência da pandemia de covid-19 e as ações sanitárias feitas pelos governos estaduais.

A comparação das duas pesquisas, feitas em setembro do ano passado e neste mês, mostra que caiu o número de brasileiros que atribuem muita responsabilidade ao governo. Essa parcela foi de 41% para 36%. Em contrapartida, aumentou, de 34% para 39%, a fatia que atribui um pouco de responsabilidade. Houve uma ligeira queda, de 23% para 21%, no contingente que não via nenhuma responsabilidade.

Mesmo quem está na base de apoio de Bolsonaro acredita que o governo é culpado pela alta da inflação, nem que seja um pouco. Essa percepção é compartilhada até por eleitores declarados. O levantamento mostra que 75% deles acreditam que a gestão federal tem responsabilidade pelo descontrole dos preços.

A inflação mantém, em março, sua trajetória de alta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) variou 0,95%, maior taxa para o mês desde 2015, segundo o IBGE, que divulgou os resultados nesta sexta-feira (25). A chamada “prévia” da inflação oficial agora acumula 2,54% no primeiro trimestre ante 2,21% em igual período do ano passado) e 10,79% em 12 meses.

Inflação de Bolsonaro preocupa

Além dos números da corrida eleitoral, a pesquisa Ipespe divulgada na última sexta-feira (25) mostra que a inflação se consolida cada vez mais como uma das principais preocupações dos brasileiros. Entre os entrevistados, 77% apontam que os preços “aumentaram muito”, enquanto 20% dizem que “aumentaram”. Somente 1% tem a percepção de que eles ficaram “iguais” e outros 1% acharam que eles “diminuíram”.

O levantamento mostra ainda que 33% acreditam que os preços ainda vão “aumentar muito” nos próximos meses e 46% creem que “vão aumentar”. Para 63%, a economia vai no rumo errado e 27% veem que ela está no rumo certo, enquanto a desaprovação ao governo Bolsonaro na pesquisa teve oscilação para cima, passando de 63% para 65%.