Eleição no PT: Aliança nos estados pode esperar segundo turno, diz Magela

Magela considera que uma única tendência não poderia acumular as principais funções políticas e administrativas (Foto: Divulgação) O primeiro a registrar a candidatura para disputa à presidência Nacional do PT, […]

Magela considera que uma única tendência não poderia acumular as principais funções políticas e administrativas (Foto: Divulgação)

O primeiro a registrar a candidatura para disputa à presidência Nacional do PT, deputado federal Geraldo Magela (PT-DF), defende que a autonomia dos estados para definir as candidaturas deve ser respeitada. Ele acredita que as bases do partido estão de acordo com a política de alianças implementada pela direção da legenda, mas considera que o diálogo será fundamental para a política interna no próximo período.

Neste domingo (22), o PT realiza primeiro turno do Processo de Eleições Diretas (PED). A Rede Brasil Atual entrevistou cada um dos seis candidatos à presidência nacional do partido com base nas mesmas quatro perguntas.

A quarta edição da votação entre filiados define os presidentes e diretórios nacional, estaduais, regionais, municipais e zonais. A votação de cada chapa estabelece a composição do diretório de cada esfera. No caso do presidente, caso um candidato não obtenha maioria dos votos, há uma segunda votação entre os dois mais bem colocados.

Entrevista

Geraldo Magela

candidato à presidência nacional do PT

Magela disputa o pleito pela chapa “Movimento: partido para todos”, segunda maior do partido. Ele considera ainda que uma única tendência não poderia acumular as principais funções políticas e administrativas, como a presidência e secretarias como geral, de organização, finanças e de comunicação.

Confira a entrevista:

RBA – O PT sempre se colocou como um partido que acolhe uma ampla diversidade de pontos de vista. Ainda assim, é possível apontar pontos de consenso entre as diferentes tendências?

 

São dois grandes consensos que ficaram claros nos debates. Um é a necessidade da conquista do terceiro mandato com nossa candidata Dilma Rousseff. Isso unifica o partido, o coloca em movimento, é o grande objetivo. Um outro é a necessidade de combater hegemonismo de uma única tendência dentro do partido. Mesmo o candidato que representa a tendência majoritária assume que é preciso superar o atual quadro de hegemonismo e fazer uma repartição do poder interno de modo a ser mais democrático e inclusivo.

RBA – Quais são as principais divergências entre as propostas colocadas? Em outras palavras, o que diferencia sua candidatura das demais?

A primeira é a política de alianças para a eleição de 2010. Defendemos uma aliança ampla, iniciando com o chamado bloco da esquerda e ampliando para os que dão sustentação à coalizão governamental de hoje. Com uma diferença, que essa aliança não pode anular o PT nos estados, mas tem de ter alguma autonomia para definir tática eleitoral regional. Sabemos que o projeto da candidatura presidencial é o que governa os demais projetos e orienta os estados, mas não pode anular o partido.

Em termos da gestão interna, temos uma grande diferença. Defendemos que os cargos e funções de direção do partido tem de ser ocupados por todas as tendências de forma a demonstrar que a unidade política se constrói no pluralismo. Não pode uma única tendência ter as principais funções políticas e administrativas, como a presidência, secretaria-geral, de organização, tesouraria, de comunicação. Isso pode levar a desvios que comprometam a política do partido. Além disso, queremos acabar com a chamada taxa de voto, valor obrigatório que cada filiado tem de pagar na hora do voto – que passou de R$ 5 para R$ 15 -, que tem sido um grande problema porque está trazendo a influência do poder econômico para dentro do PT. O filiado tem de pagar, no mínimo, uma anuidade desse valor. O aumento foi definido em maio deste ano pelo Diretório nacional, de forma ilegal, aliás. Queremos propor que, no Congresso do partido, isso acabe.

RBA – O PED deste ano acontece com um pré-acordo já firmado nacionalmente com o PMDB para a eleição de 2010. Em sua avaliação, há aval das bases do partido para essa aliança?

Certamente. A base do PT está absolutamente afinada com a candidatura da nossa ministra Dilma Rousseff e com a possibilidade de fazer aliança com os partidos que dão sustentação ao governo hoje. Com a observação de que, em alguns estados, essa aliança pode ser feita no segundo turno, como em Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde o PMDB pode ter candidato a governador e o PT também. Isso ficou pré-estipulado no acordo, que a candidata pode ter mais de um palanque.

RBA – Qual papel o novo presidente e a nova executiva terão na definição de alianças regionais?

O papel é o de ouvir muito e de dialogar. A direção do partido jamais pode imaginar que vai impor aos estados uma política contra a vontade dos estados. No passado, o PT já cometeu equívocos de fazer intervenção da direção nacional em estaduais para impor suas políticas. Ficou demonstrado que foi um erro, e o resultado o contrário do desejado. Esta possibilidade não deve estar na pauta da nova direção do partido. Não há melhor forma de se fazer política do que dialogar, e essa deve ser a marca da próxima direção do partido.