Movimentação

Com aliança em Minas Gerais, vantagem de Lula sobre Bolsonaro sobe, e cai a de Zema sobre Kalil

MG é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, com 15,8 milhões de eleitores. Após redemocratização, nunca um presidente foi eleito sem ganhar no estado

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula e Kalil celebram aliança em primeiro ato público juntos em 2022

São Paulo – Menos de um mês após a formalização da aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato do PSD ao governo de Minas Gerais, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, o cenário no estado já mostra mostra alteração. Pesquisa do Instituto F5 Atualiza Dados divulgada pelo jornal Estado de Minas no fim de semana mostrou ampliação da vantagem do petista, com 43,6%, na liderança pela presidência da República, seguido por Jair Bolsonaro (PL), com 31,5% dos mineiros. No levantamento anterior, em fevereiro, Lula aparecia com 36,1% a 27,7%. O terceiro colocado é Ciro Gomes (PDT), com 5,5%.

A mudança também se dá na disputa pelo governo de Minas. A diferença entre Romeu Zema (Novo) e Kalil despencou de 29,4 pontos percentuais para 17,3. O atual governador ainda lidera com 45,7%, seguido pelo ex-prefeito, que tem agora 28,4%. Mas, há quatro meses, Zema tinha 46,8%, ante 17,4% de Kalil. No período, o candidato do PSD recebeu apoio de Lula, com a oficialização da aliança. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob os números MG-00062/2022 e BR-02909/2022.

A importância de Minas nas eleições para a Presidência da República é grande de um ponto de vista objetivo, mas, também, sob uma ótica quase mística. Desde a redemocratização do país, nunca um presidente foi eleito sem ganhar em Minas Gerais. O estado é o segundo maior colégio eleitoral do Brasil, com 15,8 milhões de eleitores, e só fica atrás de São Paulo, que tem 33,1 milhões.

Fernando Collor (1989), Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998), Lula (2002 e 2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) venceram no estado. Na eleição de 2014, analistas avaliam que a vitória de Dilma se deu exatamente por ter vencido o mineiro Aécio Neves (PSDB) em seu “campo”.

Primeiro ato da aliança

Na última quarta-feira (16), Lula e Kalil fizeram o primeiro ato público juntos, em Uberlândia, após a formalização do apoio mútuo. Os dois pré-candidatos têm trocado manifestações de apreço pelas redes sociais. Dois dias antes do evento no Centro Universitário do Triângulo, Lula postou no Twitter que conheceu Kalil “pela grande gestão que ele fez no Atlético Mineiro, e depois pela excelente gestão municipal” (em BH).

“Em 2016 ele já disse para mim que votaria em mim seu eu fosse candidato a presidente. O Kalil tem pegada, tem disposição”, disse Lula. Kalil retribuiu os elogios. “Presidente, obrigado. Meu voto será dado com quatro anos de atraso. O senhor governará o Brasil com o coração de sempre. Viva a esperança”, escreveu.

MG no mesmo trilho de Lula”

Em entrevista à edição de junho da revista Focus Brasil, da Fundação Perseu Abramo, Kalil acusou Zema de ser “pior do que o Bolsonaro”. “Ele não fez nada. Pegou o dinheiro da Vale, aquele dinheiro manchado de sangue com 270 pessoas enterradas e não consegue gastar”, disse. “Minas Gerais está no mesmo trilho do presidente Lula, que é o Brasil”, continuou.

O candidato do PSD ao Palácio Tiradentes também afirma na entrevista que duvida da capacidade de Bolsonaro de cometer um atentado contra a democracia, como um golpe. “Não vai fazer nada”, prevê. “Grita em microfone e no cercadinho e faz cara feia. Tentou fazer em 7 de setembro e deu com os burros n’água e guardou a viola no saco.” 

Segundo ele, Minas Gerais precisa de um plano na área da saúde e infraestrutura. “Se você vai trazer uma fábrica e o cara colocar o olho no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, Minas não vai ganhar a fábrica porque não tem estrada para andar”, disse Kalil. “Temos que recuperar a infraestrutura porque a malha viária é um patrimônio incalculável.”

Na Justiça contra ataque de drone

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG), e o presidente do partido em Minas, deputado Cristiano Silveira, entraram na Procuradoria-Geral de Justiça estadual com pedido de apuração do ataque de drone ao ato de Lula e Kalil em Uberlândia.

O Ministério Público Federal (MPF) vai conduzir a apuração. Um empresário é suspeito de ter contratado duas pessoas para operar o drone e lançar uma substância mau-cheirosa (produto químico usado para atrair moscas em lavouras) em direção aos apoiadores de Lula e de Kalil. A substância é classificada como veneno agrícola e pode causar intoxicações graves em seres humanos.

A Polícia Militar teria interceptado uma caminhonete onde estavam os homens, que “foram presos em flagrante”, segundo a assessoria do PT, mas depois liberados após a assinatura de um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO). Desse modo, terão de ficar à disposição da Justiça, embora possam responder ao processo em liberdade

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