Desequilíbrio

Aliado de Bolsonaro, ex-presidente do PTB resiste à prisão com tiros

Dois policiais ficaram feridos. Há suspeita de uso de granada. Jefferson, que se entregou apenas no início da noite, disse que não atirou “para pegar”

Reprodução
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Investigado por ataque à democracia, ex-deputado diz resistir à 'opressão'

São Paulo – Bolsonarista fiel, o ex-deputado e ex-presidente do PTB Roberto Jefferson recebeu com tiros policiais federais que neste domingo (23) foram cumprir mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo menos dois agentes foram feridos por estilhaços – pelas informações iniciais, sem gravidade. Há suspeita de uso de granada. Em vídeo, Jefferson confirmou o ataque, mas disse não mirou em nenhum policial: “Não atirei em ninguém para pegar. Atirei no carro e perto deles”. Disse que não iria se render ao que chamou de “opressão”. Ele só se entregou às 19h.

Os feridos são o delegado Marcelo Vilella e a policial Karina de Oliveira. Ambos foram atendidos em um hospital da região e já tiveram alta. A operação ocorreu na cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro. Pelo menos até as 16h, o ex-deputado não havia se rendido.

Mesmo o presidente da República repudiou o episódio, pelo menos publicamente. Mas aproveitou para atacar também o Judiciário. “Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP”, postou em rede social. Na semana que passou, o ex-deputado ofendeu a ministra Cármen Lúcia, do STF, inclusive com palavrões. O presidente disse ainda que determinou a ida do ministro da Justiça, Anderson Torres, ao Rio, “para acompanhar o andamento deste lamentável episódio”.

Estado de direito

Jefferson é investigado em inquérito que apura atividades contra o Estado de direito. Atualmente, ele cumpre prisão domiciliar. Assim, com os ataques à ministra, desrespeitou a determinação de não participar de redes sociais.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também criticou o ex-deputado. “As ofensas que esse cidadão fez à ministra Cármen Lúcia não podem ser aceitas em uma democracia. Não é um comportamento normal”, afirmou, durante entrevista coletiva em São Paulo. Para Lula, o atual presidente contribuiu para transformar em “raivosa” uma parcela da sociedade.

Sem conseguir a candidatura à Presidência da República, Jefferson foi substituído por Padre Kelmon. Que se notabilizou por “ajudar” Bolsonaro em debates realizados antes do primeiro turno.