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Em São Paulo, Temer e Alckmin se esquivam de comentar crise política

Mais cedo, o vice-presidente da República comentou a pesquisa que indica alta desaprovação do governo: 'a pesquisa de hoje não será a de amanhã. Essa pesquisa se reverterá', disse, em Brasília

Futura Press/Folhapress

Temer foi recebido no Palácio dos Bandeirantes; aos jornalistas, tanto ele quanto Alckmin evitaram falar de crise

São Paulo – Reunidos na tarde de hoje (6) no Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o vice-presidente da República, o peemedebista Michel Temer, recusaram-se a comentar a crise política e os rumores de movimentações em Brasília pela articulação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Mais cedo, ainda em Brasília, o vice, no entanto, fez elogios a Dilma e afirmou que o governo vai se recuperar. Temer comentou a pesquisa Datafolha segundo a qual 71% dos entrevistados avaliam o governo Dilma como ruim ou péssimo, e 8% como ótimo ou bom.

“Essas pesquisas muitas vezes são negativas para logo depois se tornarem positivas. Aliás, a presidenta Dilma tem feito esforço extraordinário, tem praticado os melhores gestos. Ela reuniu governadores para revelar a função federativa, reuniu lideranças na Câmara, no Senado. Tem feito um trabalho excepcional para manter tranquilidade institucional no nosso país. Então, a pesquisa de hoje não será a de amanhã. Essa pesquisa se reverterá, a presidenta Dilma terá um apoio extraordinário da população brasileira”, disse o vice-presidente em entrevista após palestra no Centro Universitário de Brasília (Uniceub), antes de embarcar para São Paulo.

No Palácio dos Bandeirantes, Temer foi homenageado por Alckmin por ter sido o secretário de Segurança Pública que, há 30 anos, no governo de Franco Montoro, criou a Delegacia da Mulher. No discurso ao lado do governador e de autoridades do governo e da Assembleia Legislativa, Temer fez um discurso bem-humorado e contou casos de sua relação de trabalho com Montoro. Mas, simbolicamente, lembrou sua mais decantada virtude e contou um diálogo ocorrido no momento em que foi nomeado secretário por Montoro.

Segundo o vice-presidente, quando o escolheu como secretário, Montoro destacou sua capacidade de ser “conciliador”. O vice disse também que o governo do peemedebista (1983-1986) “era um governo alegre”. “Governo tem que ser uma coisa alegre”, acrescentou. Quem esperava palavras sobre a crise, teve de se contentar com simbolismos como esse e a lembrança do secretário “conciliador” de Montoro.

Após o evento, Alckmin e Temer deram uma entrevista coletiva e falaram com os jornalistas por menos de cinco minutos mantendo o tom protocolar da cerimônia. Temer agradeceu a lembrança e afirmou que o governador e o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, foram “delicados” ao lembrar a efeméride da criação da Delegacia da Mulher num país que nem sempre preserva a memória. “No Brasil temos a mania de esquecer as tradições”, disse.

Na cerimônia, Alckmin evitou abordar temas polêmicos e referiu-se ao vice-presidente como “uma pessoa simples, desprovida de vaidade, que defende o interesse público, o interesse coletivo e o bem comum”.

Entre as autoridades que discursaram, a que mais chegou perto de aludir à crise e a um eventual papel de Michel Temer nesse processo foi o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa paulista. Capez referiu-se ao vice de Dilma Rousseff como “Michel Temer, o pacificador”.

Ontem, Temer, reconheceu a iminência de uma conjuntura ainda mais crítica. “É preciso que alguém tenha a capacidade de reunificar a todos. Estou tomando a liberdade de fazer este pedido porque, caso contrário, podemos entrar numa crise desagradável para o país”, disse, após reunião com os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa.

“Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave. Não tenho dúvidas de que é grave. É grave porque há uma crise econômica que precisa ser ajustada. Mas para tanto é preciso contar com o Congresso”, acrescentou o peemedebista.

Com informações da Agência Brasil