A caminho do PSD, Lembo vê pouca mudança em caso de fusão PSDB-DEM

Na visão do ex-governador e ex-filiado ao DEM, sigla articulada por Kassab nasce para ser o 'partido do equilíbrio', que vai ser situação ou oposição conforme a conveniência

São Paulo – O ex-governador de São Paulo e secretário municipal dos Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo, afirma que uma eventual fusão entre PSDB e DEM não mudaria o cenário da oposição ao governo de Dilma Rousseff. Ele sustenta ainda  que o PSD nasceu para ser o partido do equilíbrio. Fará oposição “quando for necessário” e em outros momentos poderá apoiar o governo federal, destacou Lembo.

Lembo afirma também que o cenário político não será alterado caso PSDB e DEM protagonizem uma fusão, como foi defendido por lideranças do Democratas de Santa Catarina. Isso porque ambos possuem “uma mesma característica: (ser da) direita conservadora”. A negociação sobre fusão foi admitida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na terça-feira (26). Não foram confirmadas, porém, reuniões para discutir o tema.

Sobre a conduta de parlamentares do PSDB na oposição, Lembo afirmou que os tucanos já não tem mais força e capacidade de se expor de forma agressiva, mesmo destacando a dificuldade em ser um partido de posição atualmente.

O ex-governador acredita que a debandada de parlamentares do DEM para o novo partido não será decisiva para a configuração do Congresso Nacional. Na visão dele, apesar da drástica redução do número de cadeiras ocupadas pela oposição, as vagas não fariam tanta diferença. “Atualmente a oposição não é composta apenas por partidos políticos, mas sim pelos meios de comunicação, movimentos sociais e organizações não governamentais”, destaca.

Ele descarta a possibilidade de partidos políticas cumprirem o papel de protagonismo na oposição. “O importante hoje é a sociedade se movimentar e ter liberdade”, diz. “A forma com que o Brasil será governado não mudará com a diminuição da oposição, nem agora e nem no futuro”, pondera.

Equilíbrio

Fundador do antigo PFL, atual DEM, Lembo foi um dos primeiros a aderir à criação do PSD, novo partido que tem à frente, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. “Fizemos este PSD nos moldes do antigo, pegar a raiz historica, e se comportar com equilibrio. O partido foi montado para ser o equilíbrio no cenário político atual”, defende Lembo.

A referência é à legenda homônima criada em 1945 pelo presidente Getúlio Vargas para ser visto com um contraponto à influência do Partido Comunista Brasileiro (PCB). O PSD elegeu Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek como presidentes, mas foi dissolvido anos depois, durante a ditadura. Seus filiados dividiram-se entre o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição, e Aliança Renovadora Nacional (Arena), de situação. Com a redemocratização, a sigla foi recriada, mas acabou se fundindo ao PTB em 2003.