Em São Gonçalo

‘Ninguém pode mentir em nome de Deus’, diz Lula em ato com evangélicos

Lula denuncia uso de “fake news” pelo bolsonarismo entre evangélicos. “O Estado não deve ter religião e deve garantir a liberdade de todas elas”

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Freixo, Lula e Alckmin em roda de oração em evento com evangélicos no Rio de Janeiro

São Paulo – Em discurso nesta sexta-feira (9) em São Gonçalo (RJ), em ato com evangélicos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “o Estado não tem que ter religião, não deve ter igreja, o Estado deve garantir o funcionamento e a liberdade de muitas igrejas”. Indiretamente, ele atacou o uso de fake news pelo bolsonarismo ao afirmar que “não é aceitável um pastor que diz que fala em nome de Deus mentir”. “Ninguém pode mentir em nome de Deus. Aliás, ninguém deve usar o nome de Deus em vão. Ou pra ganhar voto”, disse.

Ele criticou o governo de Jair Bolsonaro e suas políticas de desconstrução do Estado. “Acabaram com o Minha Casa Minha Vida e criaram uma tal de Casa Verde e Amarela. Duvido que alguém tenha visto uma casa verde e amarela. Porque não foi feito. Desativaram e não colocaram nada no lugar.”

“Rasgaram a carteira profissional e criaram a ‘carteira verde amarela’. O trabalho informal, trabalhador trabalhando sem registro em carteira”, continuou Lula, em referência à tentativa fracassada do governo bolsonarista de baratear, para as empresas, as contratações de funcionários com a redução de encargos, projeto que nunca deu certo.

Atrás do atual governante no segmento evangélico nas pesquisas de  intenção de voto, Lula disse que “se tem um brasileiro que não precisa provar que acredita em Deus, esse brasileiro sou eu. Eu não teria chegado aonde cheguei se não fosse a mão de Deus dirigindo meus passos”, continuou. “Tenho certeza que lá de cima ele vai dizer: Lula, cuida deste povo aqui”.

Discurso às mulheres

Ele também se dirigiu às mulheres – segmento em que está muito à frente de Bolsonaro nas pesquisas – repetindo que o cartão do Bolsa Família era entregue às mulheres porque elas “têm mais responsabilidade”. A mesma coisa no caso das escrituras do Minha Casa Minha Vida. Segundo ele, a preocupação era que, se o homem se separasse, “vendesse a casa e largasse a mulher na mão”.

Candidato ao governo do Rio, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) discursou às lideranças cristãs para “se conectar com a palavra verdade”, segundo ele. “Quem é cristão enxerga o outro através da verdade, e não da mentira e das fake news”, declarou o socialista.

Ele afirmou ainda que o Estado precisa chegar onde está a população. “Onde vocês estão, só chega com violência. Precisa chegar garantindo esporte aos nossos filhos, garantindo educação de qualidade, saúde, formação pras mulheres”, defendeu Freixo.

Armai-vos?

Também presente no comício, o ex-governador Geraldo Alckmin, vice de Lula na disputa pela presidência, usou um trecho bíblico para fazer um trocadilho contra Bolsonaro. “Jesus disse amai-vos uns aos outros. Jesus nunca disse armai-vos uns aos outros.”

Alckmin mencionou o fato de o número de armas de fogo em poder de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) ter ultrapassado 1 milhão em julho deste ano, graças aos decretos e normas instituídas por Bolsonaro. São 1.006.725 armas, contra 350.683 em 2018, nas mãos de 673.818 CACs. Os dados são do Exército e foram obtidos pelo Instituto Sou da Paz e o Instituto Igarapé por meio da Lei de Acesso à Informação.

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