Eleições 2022

Lula em Nova Iguaçu: Bolsonaro roubou o 7 de Setembro do povo brasileiro

“Não tinha negro, não tinha pardo, nem trabalhador”, criticou Lula sobre os eventos que Bolsonaro organizou para marcar o bicentenário da Independência

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Na Baixada Fluminense, Lula criticou Orçamento Secreto de Bolsonaro; Freixo aposta em virada na disputa pelo governo do Rio

São Paulo – Em comício na cidade de Nova Iguaçu (RJ) na noite desta quinta-feira (8), o candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou o presidente Jair Bolsonaro por transformar a celebração do bicentenário da Independência do Brasil num ato político-partidário. De acordo com o ex-presidente, Bolsonaro transformou uma comemoração que deveria ser de todos os brasileiros, “numa festa de uma pessoa só”.

“Esse cidadão (Bolsonaro) roubou do povo brasileiro o direito de comemorar o Dia da Independência. Porque ele se apoderou, da forma mais vergonhosa, de um dia que é de 215 milhões de brasileiros. E fez de uma festa do nosso país uma festa de uma pessoa só”, afirmou o petista.

Lula foi além, e disse que não havia “povo” nos atos que Bolsonaro promoveu, em Brasília e no Rio de Janeiro. “Não tinha negro, não tinha pardo, nem trabalhador. O artista principal era o véio da Havan, que parecia como se fosse o Louro José”. Para o ex-presidente, o clima das manifestações lembrou uma reunião da Ku Klux Klan (seita racista dos Estados Unidos). “Só faltou o capuz”.

Além disso, Lula comentou a mais recente manobra de Bolsonaro para destinar R$ 5,6 bilhões ao Orçamento Secreto, com o objetivo de fortalecer candidaturas aliadas no Congresso Nacional. Disse que ninguém, em toda a história do Brasil, jamais gastou nem 10% dos recursos que Bolsonaro está gastando para tentar se reeleger.

Auxílio, salário mínimo, direitos e gasolina

Por outro lado, o ex-presidente lembrou que o Auxílio Brasil de R$ 600 atualmente pago pelo governo só vale até dezembro. E garantiu que ele, se eleito, vai retomar imediatamente o Bolsa Família e manter a atual política de assistência aos mais pobres do país.

Também afirmou que o salário mínimo vai voltar a ter reajuste anual acima da inflação, o que não ocorreu nos últimos quatro anos. E ainda lembrou que Bolsonaro, quando era deputado, foi o único parlamentar que votou contra a lei que garantiu direitos aos trabalhadores e trabalhadoras domésticos. Do mesmo modo, Lula afirmou que, a partir de 1º de janeiro, vai trabalhar para garantir direitos aos trabalhadores de aplicativo.

Lula citou que o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, que estava presente em Nova Iguaçu, e a sua prisão pela Lava Jato teve como objetivo entregar o pré-sal para as multinacionais. E ironizou Bolsonaro, pela redução tardia nos preços dos combustíveis. “Agora, que ele está com medo de perder as eleições, e que eu disse que vou abrasileirar o preço da gasolina, ele começou a reduzir um pouquinho“.

Hora da Virada

No ato Todos Juntos pelo Rio, o candidato ao governo do estado Marcelo Freixo (PSB), que está atrás nas pesquisas, se mostrou confiante na vitória. “A gente gosta de ganhar de virada, como o Flamengo ganhou ontem no Maracanã”. Ele acusou o atual governador Cláudio Castro (PL) de promover uma campanha “milionária”, com recursos desviados em esquemas de corrupção. E citou especificamente o escândalo envolvendo a nomeação de funcionários-fantasma no Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio (Ceperj). Esses desvios, segundo Freixo, tiraram R$ 50 milhões da educação do estado.

Freixo prometeu concluir as obras do chamado Arco Metropolitano, atraindo empresas para a Baixada Fluminense. Além disso, defendeu a revitalização dos Cieps, transformando-os em escolas de tempo integral. Em seguida, comprometeu-se a zerar as filas para consultas e exames e reformar as estações da Supervia, para dar dignidade à população que usa o trem para se deslocar da Baixada até a capital.

Por outro lado, o candidato da coligação ao Senado, André Ceciliano (PT), afirmou que o governo Bolsonaro não liberou “nem um real de investimento para os municípios da Baixada”. E comparou os governos Lula com a atual gestão. “No tempo de Lula, o povo tinha comida na mesa, emprego (…) O que a gente vê hoje é desemprego, fome, com famílias inteiras morando embaixo das marquises”.

Exorcizando demônios

Por sua vez, Dilma se mostrou “indignada” com as declarações da atual primeira-dama Michelle Bolsonaro, que disse no mês passado que o Palácio do Planalto havia sido “consagrado a demônios” nas gestões anteriores. “Jamais, na minha época e na época do presidente Lula teve demônios nos Palácios da República. Agora tem”, disparou a ex-presidenta. “Vou dizer para vocês que demônios: Teve o demônio da doença, que não garantiu vacina para o povo brasileiro. E tem o demônio que devolveu 33 milhões de brasileiros para a fome”.

Por outro lado, Dilma ressaltou a participação das mulheres durante as gestões petistas, nos diversos escalões de governo. “Somos nós (mulheres) que estamos dando a vitória para o presidente Lula. Vamos trabalhar um pouquinho mais e ganhar no primeiro turno”, clamou a ex-presidenta. Além disso, ela afirmou que Lula reúne “capacidade de gestão”, com “sensibilidade” na defesa dos direitos do povo brasileiro. E disse que o candidato petista também é o mais “digno” na defesa dos interesses do Brasil no cenário internacional.