Caso Marcelo Arruda

Encontrado morto responsável por acesso a imagens da festa de petista assassinado

Claudinei Coco Esquarcini, um dos diretores da Aresf, em Foz do Iguaçu, responsável pelo fornecimento de senhas, teria cometido suicídio

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Marcelo Arruda comemorava aniversário de 50 anos quando foi assassinado por bolsonarista Jorge Guaranho

São Paulo – O vigilante Claudinei Coco Esquarcini, um dos diretores da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf), em Foz do Iguaçu (PR), onde ocorreu o assassinato do petista Marcelo Arruda em 9 de julho, foi encontrado morto nesse domingo (17), em Medianeira (PR). A informação da morte foi publicada pelo site Blog do Lago, que tem uma seção de obituários. Na publicação, consta o horário da morte de Esquarcini, 12h, e a causa “violenta – queda de plano elevado”. O site Metrópoles cita entrevistas com a defesa da família de Arruda e com a Polícia Civil do Paraná (PCPR), que afirmou tratar-se de suicídio.

O segurança da Itaipu Binacional teria se jogado de um viaduto sobre a BR-277, a 60 quilômetros de Foz. A informação começou a circular em redes sociais depois de a Itaipu ter emitido nota de pesar pela morte do empregado. Segundo as postagens, o segurança estaria em acompanhamento psicológico e sentindo-se pressionado após a repercussão do crime.

Claudinei seria o “responsável pelo fornecimento de senhas” das câmeras de segurança na Aresf, o clube onde Arruda foi morto. O policial penal federal Jorge José Guaranho, assassinato de Marcelo Arruda, viu imagens do aniversário da vítima antes de ir ao clube para matar o petista.

Segundo a delegada Camila Cecconello, em entrevista coletiva concedida na manhã de sexta-feira (15), o assassino ficou sabendo da festa de Marcelo por terceiros, em um churrasco no qual “estava comemorando e ingerindo bebidas alcoólicas”.  Essa testemunha que informou o assassino da festa tinha acesso às câmeras de monitoramento do clube, disse Camila na coletiva.

Atos por Marcelo Arruda destacam a motivação política do crime em Foz do Iguaçu

Metrópoles cita depoimento de outro vigilante da Itaipu, identificado como José Augusto Fabri, segundo o qual a permissão para ver as câmeras não era comum. Fabri teria citado Claudinei Coco Esquarcini como responsável por permitir acesso às imagens das câmaras de monitoramento da Aresf.

Crime político

O meio jurídico está reagindo à versão da A Polícia Civil do Paraná, segundo a qual não há como considerar tecnicamente o assassinato de Arruda como crime político. Segundo nota da Polícia Civil do Paraná divulgada no domingo (17), não há qualificadora específica para motivação política prevista em lei e, assim, não há como aplicar algo que não existe.

Para a advogada Tânia Oliveira, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, é “quase um ato falho ao mesmo tempo dizer que houve motivo torpe – como afirmou a delegada Camila – e que não há motivação política, mas apenas uma discussão. Ainda que do ponto de vista técnico-jurídico-penal não exista uma qualificação para tipificar o crime político, a torpeza que a delgada atribui ao crime é a própria motivação política.

Se não há tipificação de homicídio como crime político, por outro lado a motivação política é um motivo torpe ou fútil. “Não há como qualificar (o crime em Foz do Iguaçu) como homicídio simples. Quando (a delegada) diz que foi um homicídio praticado por motivo torpe mas não teve manifestação política, ela está fazendo uma manifestação  política”, diz Tânia.

Palavra final é do MP

Tanto ela como Luiz Eduardo Peccinin, advogado do PT no Paraná, consideram estranho o inquérito da Polícia Civil ter sido encerrado antes mesmo de ter acesso às mensagens do celular do assassino. A própria delegada  afirmou que não tinha aberto o celular, que estava com a perícia. Tânia – como o criminalista Luiz Fernando Pacheco e Peccinin – destaca que Ministério Público é que tem a competência de apresentar a denúncia. A conclusão da Polícia pode ser reformulada ou mesmo descartada pelo MP.

A delegada Camila, que comanda o inquérito, mencionou o depoimento da esposa do criminoso para atribuir motivação torpe: Guaranho teria se sentido “humilhado” por Marcelo. “Sabemos que tem muito interesse político” por trás das versões”, diz a advogada.

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