Tráfico de influência é ‘permanente’ no governo Bolsonaro, diz Humberto Costa
CPI investiga relações entre suposto sócio oculto do FIB Bank e de lobista da Precisa Medicamentos com integrantes do Ministério da Saúde e com o líder do governo na Câmara
Publicado 02/09/2021 - 10h48
São Paulo – De acordo com o senador Humberto Costa (PT-PE), os avanços das investigações da CPI da Covid demonstram que o crime de tráfico de influência é prática “permanente” no governo Bolsonaro. Como exemplo, citou o caso do advogado Marcos Tolentino, suposto sócio oculto do FIB Bank. Ele também é amigo do deputado Ricardo Barros (DEM-PR), líder do governo na Câmara. Além dele, é também o caso do advogado Marconny Albernaz de Faria, suspeito de atuar como lobista da Precisa Medicamentos, que foi intermediária na venda superfaturada da vacina indiana Covaxin. O lobista deve prestar depoimento à Comissão nesta quinta-feira (2).
Marconny teria intermediado contatos da Precisa com o então diretor do departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. Além disso, após quebra judicial de sigilo do lobista a pedido do Ministério Público Federal do Pará, foram encontradas mensagens trocadas entre Marconny e o filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan. As informações foram encaminhadas à CPI.
“Nas quebras do inquérito que trata da venda de testes para o governo do Pará, ele (Marconny) foi flagrado em várias tratativas com integrantes do Ministério. E há essa informação de que ele teria, inclusive, ajudado a viabilizar burocraticamente uma empresa do filho do presidente”, disse Humberto em entrevista a Marilu Cabanãs, para o Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira. Para o senador, as relações entre Jair Renan e o lobista da Precisa são “secundárias”, “mas também demonstram o tipo de relação das pessoas que estão no poder”.
Atestados
Por outro lado, Humberto destaca que Tolentino é figura conhecida, em Brasília, “há muito tempo, nesse meio da corrupção envolvendo o setor público”. “Identificamos forte ligação dele com o líder do governo, Ricardo Barros. E sua oitiva é muito importante para que possamos desvendar essa rede de tráfico de influência que existia no ministério”, disse o senador.
O advogado deveria ter sido ouvido ontem pela CPI. Mas ele apresentou atestado médico emitido pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, alegando sofrer de hipopotassemia (perda de potássio no sangue) grave. No entanto, a Comissão revelou vídeo de uma entrevista de Tolentino no dia anterior em aparece saudável. Marconny também chegou a apresentar atestado, alegando sofrer de “dor pélvica“. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), chegou então a telefonar para o hospital solicitando informações sobre os dois pacientes. Depois disso, o atestado concedido a Marconny foi cancelado, permitindo o seu depoimento.
Assista à entrevista
Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima