Renan Calheiros: CPI da Covid será cruzada contra agenda da morte e ruína econômica

Depois de sucessivas tentativas governistas de evitar ou melar a CPI e TRF da 1ª Região derrubar liminar, oposição elege Omar Aziz presidente e Renan relator

Jefferson Rudy/Agência Senado
Jefferson Rudy/Agência Senado
Bolsonarismo fez o possível para evitar Calheiros na relatoria e recorreu à Justiça. mas foi em vão

São Paulo – Após todas as tentativas fracassadas do governo Jair Bolsonaro para tumultuar a instalação da CPI da Covid, a comissão foi instalada no início da tarde desta terça-feira (27). O último lance do governo e seus aliados foi uma decisão liminar do juiz Charles Renaud Frazão de Moraes, na noite de ontem, a pedido da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que tentava impedir o senador Renan Calheiros (MDB-AL) de ser o relator. Mas a liminar foi derrubada na manhã de hoje pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O acordo político foi respeitado e a maioria dos membros do colegiado (8 votos a 3) elegeu o senador Omar Aziz (PSD-AM) na presidência e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como vice do colegiado. Em seguida, Aziz nomeou Renan como relator da CPI da Covid, sob protestos dos governistas, minoritários, que já mostraram que a estratégia será conturbar.

Em seu discurso, o relator afirmou que o trabalho será técnico, mas usou termos fortes para definir o que considera as responsabilidades da CPI. “Já seria muito importante, nessa fase, dar um basta à mentira que sufocou a sociedade brasileira durante os últimos tempos”, disse Renan. “Entre a ciência e a crença, fico com a ciência. E entre a vida e a morte, a vida eternamente. Entre o conhecimento e o obscurantismo, escolho o primeiro. E entre a luz e as trevas, a luminosidade. Entre a civilização e a barbárie, fico com a civilidade. E entre a verdade e a mentira, lógico que a verdade sempre”, continuou Renan, ao descrever seu papel na CPI da Covid.

“Repugnância ao fascismo”

Renan Calheiros disse ainda que a “cruzada” da CPI da Covid “será contra a agenda da morte, a ruína econômica, o negacionismo”. Destacou que o colegiado não colocará seu foco sobre pessoas ou instituições, mas acrescentou que “inimigos são a pandemia e aqueles que se aliaram ao vírus e colaboraram de uma forma ou de outra com esse morticínio”. Depois de exortar os senadores a “dar um basta aos suplícios, à inépcia e aos infames”, afirmou também ter “repugnância ao fascismo”. “E antecipo que intimidações – e todos os dias nós as vemos – não nos deterão.”

A eleição de Aziz para presidente chamou a atenção pelo fato de que oito senadores votaram em seu nome, e apenas três no senador governista Eduardo Girão (Pode-CE). Já na primeira votação, um dos quatro apoiadores de Bolsonaro já traiu sua base. Nova reunião da CPI da Covid foi marcada para quinta-feira (29) para traçar um plano de trabalho. Renan apresentou um roteiro preliminar no qual propõe a convocação dos quatro ministros da Saúde durante o período de pandemia. Aziz propôs que o primeiro seja Luiz Henrique Mandetta, pela questão cronológica.

Outras propostas de Renan: solicitar informações sobre processos administrativos relacionados à aquisição de vacinas pelo Ministério da Saúde; regulamentações feitas pelo governo que tratam das medidas de enfrentamento da emergência, como distanciamento social e outras; informações sobre medicamentos sem eficácia comporvada e tratamento precoce; documentos e atos normaitivos sobre estratégias de comunicação do Ministério da Saúde, orçamento, contratos e convênios que resultaram e transferências para estados me municípios; o “caos” do Amazonas em janeiro, com solicitação para que autoridades de Manaus enviem informações sobre pedidos de auxílio e respostas do Executivo federal.


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