São Paulo – Em função das eleições nos Estados Unidos, a denúncia finalmente apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra o senador e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos) não recebeu a atenção merecida. É o que defende o criminalista José Carlos Portella Junior, do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia. Segundo ele, esse caso enterra de vez o suposto discurso de combate à corrupção do presidente Jair Bolsonaro.

“Agora a gente vê que era uma mentira deslavada o discurso de combate à corrupção. Porque, inclusive dentro da sua família, estão metidos até o pescoço em atos de corrupção”, afirmou Portella, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (6).

Na denúncia, Flávio Bolsonaro, o ex-assessor Fabrício Queiroz e outros 15 investigados também foram citados pelos crimes de organização criminosa, peculato e apropriação indébita.

Nesse sentido, a tipificação dos crimes também desmente, segundo Portella, o discurso de Bolsonaro e seus apoiadores de que se trataria de crimes leves. “São, no mínimo, três crimes muito graves, que afastam uma versão de que não seria tão grave o que ele cometeu”.

O advogado destaca que Queiroz é o elo que pode envolver toda a família presidencial no esquema. O ex-assessor, que comandava a lavagem do dinheiro desviado dos funcionários do então deputado, depositou R$ 89 mil reais na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Andamento

Após a denúncia, o caso entra na fase de instrução processual, quando devem ser produzidas provas e ouvidas testemunhas. Entretanto, Portella prevê uma “guerra judicial” para tentar levar o processo para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele ressaltou que, por lá, há juízes que são “bolsonaristas declarados”, que poderiam ajudar o filho do presidente. Por outro lado, o desfecho do caso, com a eventual condenação dos envolvidos, vai depender do cenário político.

“Queiroz é uma peça chave. Se ele resolver falar a verdade, pode derrubar até figuras do alto escalão, chegando à presidência da República. É um processo muito importante. Pode realmente mudar os rumos da República e das eleições em 2022”, destacou.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima