Entre Vistas

Suspeição de Moro ajudaria a resgatar credibilidade da Justiça, diz Zanin

Advogado Cristiano Zanin espera que o STF conclua “o mais breve possível” o julgamento do habeas corpus que pede a suspeição de Moro. Ele também cobrou uma “revisão histórica” da imprensa, diante das ilegalidades cometidas pela Lava Jato

Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Ricardo Stuckert/Reprodução
Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Ricardo Stuckert/Reprodução
Vasta série de elementos indicam elementos que indicam "de forma inequívoca" a parcialidade do então juiz Sergio Moro

São Paulo – Para o advogado Cristiano Zanin Martins, são inúmeros os fatos que atestam a conduta parcial e política do então juiz Sergio Moro na ação penal que resultou na condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele espera, assim, que seja reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) o habeas corpus que pede a suspeição do ex-magistrado no caso.

Segundo o defensor, ao contrário do que dizem os apoiadores da Lava Jato, a suspeição de Moro, e a consequente anulação dos processos comandados por ele contra Lula, não abalariam a credibilidade da Justiça.

“Ora, é justamente o contrário. As pessoas tiveram conhecimento dos fatos trazidos pela Vaza Jato (série de reportagens do site The Intercept Brasil), da relação indevida entre juiz e acusação. Evidente que isso abala a credibilidade do sistema de justiça. Uma decisão que venha a reconhecer a suspeição é uma forma de resgatar a credibilidade desse sistema”, afirmou Zanin.

Ao jornalista Juca Kfouri, apresentador do programa Entre Vistas, da TVT, Zanin disse, nesta quinta-feira (13), esperar que Supremo conclua “o mais breve possível” o julgamento do habeas corpus apresentado pela defesa de Lula que acusa a parcialidade de Moro.

Ele destacou que os ministros da Segunda Turma do STF já constaram as ilegalidades cometidas por Moro. Em decisão proferida na semana passada, determinaram que a delação do ex-ministro Antonio Palocci fosse retirada da ação contra Lula. Ela foi incluída, de ofício, por Moro, seis dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. O que constata, também, a atuação “com viés político” do então juiz.

Provas da suspeição

Dentre as ilegalidades, Zanin citou que o seu escritório foi grampeado por 21 dias, por decisão de Moro, a pedido da Lava Jato. “Ele ficou ouvindo as conversas dos advogados de defesa e as conversas que eu mantinha com o ex-presidente Lula, para que pudesse se antecipar a essa estratégia.”

O próprio Lula também foi grampeado, e teve conversas ilegalmente divulgadas, quando se preparava para assumir o cargo de ministro da Casa Civil do governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, em março de 2016.

A divulgação foi “seletiva”, pois Moro escondeu outras 21 ligações que comprovam que o objetivo de Lula, ao assumir o cargo de ministro, era auxiliar Dilma a conter o golpe do impeachment. E não para garantir foro privilegiado contra as investigações da Lava jato.

O advogado também denunciou a condução coercitiva realizada contra o ex-presidente como outra das ilegalidades cometidas, já que ele sequer havia se tornado réu naquele momento. Zanin destacou que apesar de todas as provas, basta apenas a suspeita de que um juiz esteja agindo de forma parcial para que determinado processo seja anulado.

“Moro, durante todo o processo, fez reuniões com adversários políticos do ex-presidente, porque estava efetivamente atuando com viés político. Ele impediu Lula e acabou elegendo o presidente Bolsonaro e participou do seu principal ministério por 16 meses. E hoje está, aparentemente, trilhando uma candidatura. Esses são alguns elementos que indicam, de forma inequívoca, a parcialidade.”

Papel da imprensa

Além da suspeição de Moro, Zanin disse que há elementos suficientes para que parte da imprensa que apoiou a Lava Jato de forma “acrítica” faça uma revisão histórica. Ele espera que ocorra “o mais breve possível”. E não esperem “50 anos”, como foi no caso do apoio dado à ditadura civil-militar.

“A grande mídia tratou de fazer aquilo que chamamos de publicidade opressiva. Ajudou a Lava Jato a criar um ambiente artificial de culpa contra o ex-presidente Lula, de forma a viabilizar uma condenação sem provas e impedi-lo de concorrer nas eleições de 2018. Espero que, agora que temos tantos elementos, essa parte da imprensa que recebeu como verdade absoluta as versões da Lava Jato, possa fazer uma revisão do seu comportamento.”

Assista à integra do programa Entre Vistas:

Redação: Tiago Pereira. Edição: Glauco Faria