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Financiadores das milícias bolsonaristas devem responder na Justiça, cobra advogado

Avanço nas investigações deve apontar a participação de empresários e pessoas do governo no comando de grupos que atentam contra as instituições

Reprodução/FACEBOOK
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Entre os métodos, estão empresários que prometem dinheiro a funcionários que votarem em Bolsonaro a até possíveis casos de extorsão

São Paulo – A prisão temporária da extremista Sara Winter é um passo ainda tímido para barrar o avanço das milícias bolsonaristas no Brasil. Segundo o criminalista José Carlos Portella Junior, do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, é preciso chegar aos financiadores e aos mandantes desses grupos.

Portella teme que a prisão da líder do grupo 300 do Brasil seja apenas uma operação de “fachada”, para satisfazer a opinião pública. “Prendem um aqui, outro ali, talvez para aplacar o sentimento de revolta da população. Mas mantêm livres outros que estão por trás, os principais responsáveis, pois financiam essa gente toda”, afirmou o advogado em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (16).

Além dos empresários que destinam recursos para a manutenção dessas milícias, o criminalista destaca possíveis relações desses grupos com pessoas ligadas ao próprio presidente Jair Bolsonaro. O ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, ao intimidar a oposição para “não esticar a corda”, indica que o governo poderia utilizar esses agrupamentos para intimidar as instituições.

“São atos graves. Se ficarem impunes, o que vem depois? Já estão jogando fogos de artifício no Supremo Tribunal Federal (STF). Estão montando acampamento, dizendo que vão sitiar o STF, fazendo treinamento paramilitar”, alertou Portella.

São duas ações no Supremo que podem chegar nos responsáveis pelas milícias bolsonaristas. Uma investiga as ações no “mundo real”, como a ligação de parlamentares com grupos que promovem atos antidemocráticos. A outra é sobre a atuação virtual desses grupos, que funcionam em torno do gabinete do ódio, espalhando fake news pelo Whatsapp. É, inclusive, neste último inquérito que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, consta como um dos investigados, após ter feito ameaças aos ministros do STF.

Assista à entrevista: