Saída à esquerda

No pós-crise, não haverá espaço de comando para Bolsonaro e Guedes, diz Requião

Ex-senador avalia que pandemia prenuncia crise do modelo neoliberal e diz ser preciso recuperar a centralidade do trabalho diante do capital

Antonio Cruz/EBC
Antonio Cruz/EBC
"Hoje eles (Bolsonaro e Guedes) dizem que o Estado tem de ser mínimo, leve, que os empresários vão resolver o problema do Estado, e privatizam água, gás, petróleo. É uma loucura isso. É o estado que deve viabilizar (isso)", destaca Requião

São Paulo – Para o advogado, ex-senador e ex-governador paranaense Roberto Requião, no Brasil e no mundo inteiro o modelo econômico deve mudar após o fim da crise ocasionada pela pandemia de coronavírus. “Essa economia predatória, esse liberalismo econômico, não se sustentam mais”, afirmou Requião em entrevista à Rádio Brasil Atual, nesta quinta-feira (2). 

O ex-senador pelo MDB, ao lado de outras lideranças políticas de partidos de oposição ao atual governo federal, assinou esta semana manifesto pedindo a renúncia do presidente Jair Bolsonaro. E destacou que no cenário de pós-pandemia acabará o espaço de comando não apenas para o chefe do Executivo, mas também para o seu ministro da Economia, Paulo Guedes. “Guedes representa os bancos, os banqueiros, o capital financeiro, não tem nenhuma preocupação com a população”, avalia. 

“Nesse pós-pandemia temos de recuperar a centralidade do trabalho diante do capital, como foi nos Estados Unidos, com o New Deal, o novo pacto para sair da crise de 1930, com investimentos pesados no Estado. Hoje, eles (Bolsonaro e Guedes) dizem que o Estado tem que ser mínimo, leve, que os empresários vão resolver o problema do Estado, e privatizam água, gás, petróleo. É uma loucura isso. É o Estado que deve viabilizar (isso). A vida e o funcionamento de todos os cidadãos passam a desaparecer na mão de megas empresários, que procuram só o lucro”, destaca Requião.

Por conta disso, o ex-senador também diz que entre os partidos de oposição ao governo é preciso unificar bandeiras que avancem no sentido contrário ao plano econômico neoliberal atual. Modelo no qual, de acordo com ele, Bolsonaro vem insistindo diante da preocupação com o coronavírus para “salvar a economia e massacrar as pessoas”.

Requião ainda defende que, neste momento, “é fundamental aumentar a consciência do mal que Bolsonaro está causando”. Em sua análise, “quando as pessoas tiverem consciência do mal que ele e os mega empresários estão causando em função do lucro financeiro”, a renúncia do presidente será a saída. 

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