Igreja Universal do Reino de Deus pode ser proibida de atuar em Angola
A igreja do bispo empresário Edir Macedo é acusada de discriminação, evasão de divisas e de obrigar angolanos a fazer vasectomia e castração química
Publicado 28/01/2020 - 17h43
São Paulo – A Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) está na mira da Justiça da Angola. O negócio do bispo e empresário de mídia Edir Macedo, está sob investigação por supostos atos discriminatórios contra africanos, evasão de divisas e atentado contra a integridade de religiosos angolanos; a igreja estaria obrigando membros a fazerem vasectomia ou castração química forçada.
O periódico local Jornal de Angola informou que a Procuradoria-Geral da República abriu dois processos-crime contra a seita brasileira ultraconservadora. “Apesar de o Ministério da Cultura não ter tomado ainda nenhuma medida, adiantou, perante a este escândalo, em caso de confirmação das acusações, a lei 12/19 de 14 de Maio, da Liberdade de Religião, no seu artigo 48, estipula a suspensão, revogação do reconhecimento e extinção da igreja, em caso de necessidade de se aplicar a última medida, em função da gravidade dos atos criminais.”
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Mesmo o diretor do Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (Inar) – órgão ligado ao Ministério da Cultura – Francisco Castro Maria, admitiu a possibilidade de acabar com os negócios da igreja no país, que é responsável por grande arrecadação de dinheiro para o império do bispo empresário Edir Macedo.
A investigação corre sob sigilo. O diretor de Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do ministério do Interior, subcomissário Waldemar José, afirmou que “todos os indícios probatórios estão sendo investigados e isso vai permitir que seja determinada a relação criminal entre todos os envolvidos. Caso as denúncias sejam comprovadas, os responsáveis, individualmente ou até mesmo coletivamente, serão legalmente responsabilizados”, de acordo com reportagem da Rádio France Internationale (RFI).
O caso eclodiu em janeiro do ano passado, quando cerca de 300 pastores angolanos se revoltaram contra exigências abusivas da igreja.
“Somos arquivos vivos. Sabemos que havia caravanas para o Templo do Salomão, em São Paulo, com 200 ou 300 pastores. E cada pastor levava um montante de dólar. Chegando lá, recolhe-se esse dinheiro todo e fazem o que têm que fazer. Isso é saída de valores ilicitamente. Acontece sempre que a Universal quer tirar os dólares de um país, o mecanismo é esse”, disse Carvalho de Andrade, angolano, à RFI.
De acordo com as denúncias, quem ousa ir contra a seita ainda é perseguido. A Igreja Universal do Reino de Deus nega todas as acusações e diz estar “tranquila”.