‘Não vou deblaterar com ignorantes’, diz Vaccarezza sobre opositores

Deputado ataca correligionários para os quais sua proposta de reformar sistema político é mais próxima dos interesses do PMDB do que do PT

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados

Cândido Vacarezza, em atuação no GT da Reforma Política da Câmara, de onde saiu proposta rechaçada pelo próprio PT

São Paulo – O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), coordenador do Grupo de Trabalho da Reforma Política na Câmara dos Deputados, em conversa com a RBA no evento de lançamento da candidatura de Emidio de Souza (ex-prefeito de Osasco), chamou de “ignorantes” os petistas segundo os quais sua proposta de mudança na lei eleitoral não é a do partido e está mais próxima aos interesses do PMDB.

Há um mês, em debate entre os candidatos petistas à presidência do partido, Vaccarezza foi acusado de servir aos interesses do PMDB do presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN). “Vaccarezza não representa o PT, mas o PMDB. Faz parte de um grupo que sabota a reforma política”, disse na ocasião, por exemplo, Valter Pomar, candidato pela corrente Articulação de Esquerda. Vaccarezza foi indicado coordenador do Grupo de Trabalho pela Reforma Política, da Câmara, justamente por Henrique Alves e contra a vontade do próprio PT.

Na segunda-feira, o PT divulgou uma resolução em que reafirmou sua proposta de reforma política centrada em lista pré-ordenada e paritária de gênero nas eleições parlamentares, financiamento público exclusivo de campanhas, ampliação da participação popular e convocação de Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma.

A seguir, trechos da conversa da RBA com o deputado Vacarezza:

A mudança na legislação eleitoral que o senhor propõe é considerada conservadora por vários setores do PT…

Nós não podemos permitir que a busca do ótimo atrapalhe a conquista do bom. Eu não sou a favor do tudo ou nada. A proposta do PT não passa num plebiscito, na sociedade, e nem passa no parlamento. A nossa proposta é voto em lista com financiamento público. Eu quero fazer uma proposta intermediária que consiga ser um passo adiante. Eu prefiro melhorar do que deixar como está. A situação que está é péssima, a população não quer, e eu trabalho pra melhorar.

Sua proposta, segundo esses setores petistas, seria mais próxima ao que quer o PMDB do que o PT.

Quem falou isso é um ignorante. A proposta do PMDB é a proposta do voto majoritário para os deputados. Então eu só posso compreendê-los, não vou fazer debates públicos com eles. Nunca ataquei nenhum, teve gente no PT dizendo que teve compra de votos. É disputa de PED [processo de eleição direta]. Mas eu acho que isso é posição de ignorantes. Eu não vou deblaterar com ignorantes.