Governo em família

Brasil de Bolsonaro: racha no PSL, xingamento, ameaças e desistência de ‘zero três’ de embaixada

“Eu vou implodir o presidente", disse líder do PSL na Câmara. "Eu andei, no sol, 246 cidades gritando o nome desse vagabundo”

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
"Não tem conversa, não tem conversa. Eu implodo o presidente", disse o deputado Waldir

São Paulo – O racha no PSL assumiu um patamar impensável há uma semana, com direito a xingamentos e ameaças. O presidente Jair Bolsonaro tentou afastar o deputado Delegado Waldir (GO), líder do PSL na Câmara dos Deputados, para substituí-lo por Eduardo Bolsonaro (SP). Mas até a tarde desta quinta-feira (17) o deputado continuava no posto, confirmado pela Secretaria-Geral da Mesa da casa. A permanência do presidente na legenda está indefinida. Os desdobramentos são imprevisíveis.

O deputado Waldir protagonizou um insólito episódio, no qual, inconformado com a tentativa do presidente, afirmou que vai “implodir” o chefe do Executivo, o qual chamou de “vagabundo”.

“Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele. Eu tenho a gravação. Não tem conversa, não tem conversa. Eu implodo o presidente. Acabou o cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu votei nessa porra. Eu andei, no sol, 246 cidades gritando o nome desse vagabundo.”

Como consequência da crise, e também da constatação de que não teria votos suficientes no Senado, Bolsonaro suspendeu a indicação do deputado Eduardo, também conhecido como “Zero Três”, para a embaixada brasileira em Washington.

A fala do Delegado Waldir aparece em áudio vazado de reunião de parlamentares do PSL em que discutem a crise no partido, protagonizada pelo presidente nacional da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), e o próprio Bolsonaro.

A crise é generalizada. Nesta mesma quinta-feira, o presidente resolveu retirar a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) da liderança do governo no Congresso, substituindo-a pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO). A parlamentar afirmou que ficou sabendo da notícia pela imprensa, e ironizou: “Eu ganho uma carta de alforria. Graças a Deus!”, declarou, segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo.

A deputada diz que agora vai se dedicar à candidatura para a prefeitura de São Paulo. “Eu agradeço ao tempo que passei na liderança do governo. Líderes de vários partidos não param de me ligar dizendo que desde 2002 não veem uma liderança tão atuante.”

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), comentou sobre a fala do líder do PSL: “Se o Delegado Waldir fala isso do Bolsonaro, quem sou eu pra discordar?”

Por outro lado, dois filhos do presidente, senador Flávio e o deputado Eduardo, foram destituídos dos comandos dos diretórios do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente.

Na semana passada, a professora Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos, avaliou que a então aparentemente contornável crise na legenda, exposta por bate-boca público entre o presidente e Bivar, estava em um contexto político que poderia desencadear um cenário cada vez mais instável para Bolsonaro.

 

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