AMEAÇAS

Deputada ameaçada de morte denuncia omissão do governo do Rio e cobra Justiça

Governador Wilson Witzel foi oficiado três vezes com pedido de segurança à deputada federal Talíria Petrone, mas ignorou. Deputado Eduardo Bolsonaro ironiza pedidos

ag. câmara
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Talíria: “A obrigação de viabilizar a escolta é dos poderes executivos. Quando o governo do Rio nega a segurança de uma deputada, nega também o exercício pleno da democracia"

São Paulo – A deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) afirmou hoje (27) em sua conta no Twitter que vai acionar o Ministério da Justiça e Segurança Pública para verificar que providências podem ser tomadas em relação à omissão do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), em oferecer escolta à parlamentar. Talíria é alvo de ameaças de morte há mais de um ano, quando era vereadora, e, em Brasília, só tem andado com escolta da Polícia Legislativa.

Desde abril, o governador do Rio foi oficiado três vezes, as duas primeiras pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a terceira pelo próprio Psol. A atitude de ignorar os pedidos ganhou repercussão depois que foi noticiada na coluna do jornalista Ancelmo Gois, no jornal O Globo, nesta quinta-feira.

“A obrigação de viabilizar a escolta é dos poderes executivos. Quando o governo do Rio nega a segurança de uma deputada, nega também o exercício pleno da democracia. Vamos, mais uma vez, oficiar Witzel e acionar o Ministério da Justiça para um diálogo sobre a questão”, disse a parlamentar, que era amiga da vereadora Marielle Franco, morta pela ação das milícias no Rio em março de 2018. A Polícia Federal chegou a descobrir em abril deste ano, na dark web, um plano para assassinar a deputada por conta de sua relação com Marielle. Foi a própria PF que avisou Rodrigo Maia sobre a gravidade da situação.

A deputada argumentou também que “se o pedido foi analisado pelo governo, por que a resposta só veio depois que as ameaças saíram na imprensa? Faz mais de dois meses que Maia enviou o primeiro ofício. Em se tratando da vida de uma parlamentar eleita democraticamente, a demora revela completa omissão do Estado”, afirmou.

“Se é desarmamentista e pede segurança armada é hipocrisia (“mais armas, mais crimes”, não?). Se fosse coerente deveria pedir mais iluminação… Armas matam, lanternas salvam”, ironizou em sua conta no Twitter o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sobre o pedido de segurança de Talíria.

“Não há contradição em ser contra o armamento da população e cobrar que o Estado cumpra seu papel de proteger o povo e seus representantes. Segurança é responsabilidade do Estado, não do indivíduo. Não pedimos arma, mas proteção. Quando ameaçam uma deputada, ameaçam a democracia”, respondeu a parlamentar.