Truculência

BNDES destitui funcionária exemplar por blefe de ministro, afirma associação

Para entidade que representa os funcionários do banco, não há justificativa para o afastamento

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Associação acusa Ministério de Meio Ambiente de ingerência no banco

São Paulo – A Associação dos Funcionários do BNDES divulgou nota na qual afirma discordar do afastamento da chefe do departamento responsável pela gestão do Fundo Amazônia, Daniela Baccas. Para a entidade, trata-se de uma “ingerência” do Ministério do Meio Ambiente no banco.

A decisão foi tomada depois que o ministro Ricardo Salles, que a associação chama de “truculento”, anunciou, na sexta-feira (17) que haviam sido encontradas “inconsistências” em contratos de projetos com apoio do fundo, que é gerido pelo BNDES. “A nota pública divulgada pelo Banco para justificar a medida é extremamente insatisfatória e funciona como uma racionalização precária para o que de fato é uma ingerência do Ministério do Meio Ambiente no BNDES”, afirma a entidade em nota.

Ainda de acordo com a associação, é falsa a afirmação de que a decisão de afastar a funcionária é uma “prática natural” enquanto se buscam esclarecimentos. “Fosse assim, o presidente do BNDES, Joaquim Levy, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estariam impedidos de exercer suas funções, uma vez que o primeiro é investigado pelo TCU e o segundo está sob investigação criminal – além de já ter sido condenado em primeira instância judicial por improbidade administrativa.”

Auditorias

A associação dos funcionários afirma ainda que o Fundo Amazônia “é um dos mecanismos financeiros mais controlados do país”, passando por duas auditorias independentes anuais, “além de reunião com doadores que periodicamente realizam avaliações independentes”.

“Recentemente, a embaixada da Noruega e o KFW (Banco de desenvolvimento alemão) realizaram avaliações com resultados positivos sobre o Fundo, relatando o cumprimento de suas obrigações de transparência. Para isso, foram utilizados site específico e elaboração de reportes, além dos controles usuais a que o BNDES está submetido (auditoria interna, ouvidoria, CGU e TCU)”, acrescenta a entidade. Em 2018, o Tribunal de Contas fez auditoria sobre projetos do Fundo.

“Como a conferência à imprensa realizada na última sexta-feira mostrou, todas as acusações do ministro do Meio Ambiente são vagas e superficiais. Ele próprio se recuou a chamar suas investigações de auditoria”, critica a associação. “O comportamento truculento e persecutório de Ricardo Salles era também de conhecimento da diretoria do BNDES, uma vez que, em mais de uma oportunidade, aproveitou visitas ao Banco para tentar intimidar empregados do BNDES a fornecer informações sem respeito a qualquer protocolo administrativo.”

“Em resumo: o BNDES destitui uma funcionária exemplar de suas funções com base em um blefe do ministro do Meio Ambiente”, conclui a associação dos funcionários do BNDES.

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