2019

Lula: ‘Não vamos baixar a cabeça nem deixar que tirem nossa alegria de viver’

'2019 será um ano de muita resistência e muita luta, para impedir que o nosso povo seja ainda mais castigado do que já foi', diz ex-presidente. Vigília faz mobilização no réveillon

Ricardo Stuckert

Faixa com 90 metros foi estendida na tarde de 31 de dezembro

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou na noite de 31 de dezembro uma mensagem de ano-novo. Ele falou a respeito da situação política atual e também agradeceu o apoio recebido por parte de inúmeras pessoas, em especial pelos integrantes da Vigília Lula Livre, que fizeram uma intensa mobilização no último dia de 2018 em Curitiba e passaram a virada pedindo liberdade para o ex-presidente.

Cerca de 2 mil pessoas, que viajaram de várias regiões do país, acompanharam a passagem de ano diante da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Como vocês sabem, vou passar o Ano Novo numa cela em que fui preso sem ter cometido crime nenhum, condenado sem provas e sem direito a um julgamento justo. Mas não me sinto só. Não estou só“, disse. “De onde me encontro, posso ouvir e até mesmo imaginar as expressões de solidariedade e amor dos companheiros e companheiras que me acompanham nessa vigília pela democracia desde a noite de 7 de abril, quando fui ilegalmente encarcerado.”

“É a vocês da Vigília Lula Livre que dirijo meu primeiro e mais profundo agradecimento nesta passagem de ano. Vocês são símbolo mais forte de uma corrente de solidariedade e clamor por justiça que se estende por todo o Brasil e ao redor do mundo”, prosseguiu o ex-presidente. “Agradeço de coração a todos e a todas, do PT, dos mais diversos partidos do Brasil e de outros países, aos que não são de partidos mas praticam a democracia, aos militantes sociais, aos religiosos e pessoas espiritualizadas, aos intelectuais, estudantes, trabalhadores da cidade e do campo, à gente boa e simples que me fortalece diariamente com manifestações, cartas e orações.”

vigilia

Lula lembrou a proibição de ser candidato nas eleições presidenciais. “Em 2018, nós lutamos nas urnas para mudar esta situação de forma democrática. Mas fizeram de tudo para impedir que os eleitores se pronunciassem livremente”, afirmou. “Eles podem prender uma pessoa, como fizeram comigo, mas não podem encarcerar nossas ideias, muito menos impedir o futuro. 2019 será um ano de muita resistência e muita luta, para impedir que o nosso povo seja ainda mais castigado do que já foi. O Brasil precisa mudar, sim, mas mudar para melhor.”

Eu continuo tendo fé em Deus e no povo brasileiro. Não vamos baixar a cabeça nem deixar que tirem nossa alegria de viver e de batalhar por dias melhores. Nós sempre tivemos coragem de lutar e temos coragem de recomeçar”, disse ainda.

Virada com Lula

vigilia no reveillon

Durante o último dia de 2018 houve uma programação com atividades culturais, culminando em um ato político à noite, seguido por uma cerimônia inter-religiosa.

A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), leu a mensagem de final de ano de Lula e definiu o evento como “uma virada para dizer que ano que vem vai ter muita luta”.

“Poderíamos estar em Brasília hoje e amanhã. Se você tivesse concorrido à Presidência da República, estaríamos na sua posse, pois você estaria eleito”, disse, fazendo referência ao ex-presidente.

Durante o ato, falaram lideranças políticas, como os deputados federais eleitos Rogério Correa (MG) e Alencar Santana (SP), a presidenta da CUT de Minas Gerais Bia Cerqueira, deputada estadual eleita, o representante do Psol Valério Arcary, o coordenador da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, e o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Ânderson Dalécio.

Lula é um sequestrado, um preso político. Que em 2019, se faça justiça

Confira depoimentos da filha do ex-presidente, Lurian Cordeiro Lula da Silva, e da vice-presidenta da CUT, Carmem Foro, durante a vigília de ano novo, na noite de 31 de dezembro. Elas falam sobre a injustiça da prisão,  da solidariedade, do acerto da oposição em não participar da posse de um presidente que quer eliminar os oponentes de esquerda, e que só está lá porque Lula foi retirado da disputa arbitrariamente.

 

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