Ameaça à democracia

Gleisi vê entrevista de Villas Bôas como ‘preocupante’. Damous pede demissão do general

Comandante do Exército disse que Lula ser candidato sub judice é 'o pior cenário', dificultando 'a estabilidade e a governabilidade'. Para deputado, trata-se de 'uma intervenção militar na política'

Marcelo Camargo/EBC/FotosPúblicas

Para Villas Bôas, determinação da ONU “é uma tentativa de invasão da soberania nacional”

São Paulo – Parlamentares do PT e a própria legenda, por meio de nota oficial de sua Executiva, se manifestaram a respeito da entrevista concedida pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, ao jornal O Estado de S. Paulo deste domingo (9). Em referência à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, o militar disse que “o pior cenário é termos alguém sub judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira”.

Villas Bôas se manifestou ainda sobre a determinação do Comitê de Direitos Humanos da ONU de que fossem assegurados a Lula seus direitos políticos, incluindo a efetivação do registro da sua candidatura. “É uma tentativa de invasão da soberania nacional. Depende de nós permitir que ela se confirme ou não. Isso é algo que nos preocupa, porque pode comprometer nossa estabilidade, as condições de governabilidade e de legitimidade do próximo governo.”

Preocupante a entrevista do general Villas Bôas hoje no Estado de S.Paulo. Quando o poder de armas se manifesta sobre poder da política e da Justiça, fugindo às suas funções constitucionais, o resultado nunca é positivo”, disse a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), por meio de seu perfil oficial no Twitter.

A legenda divulgou nota assinada pela sua Comissão Executiva Nacional na qual diz que a entrevista é “o mais grave episódio de insubordinação de um comandante das Forças Armadas ao papel que lhes foi delimitado, pela vontade soberana do povo, na Constituição Democrática de 1988”.

O texto afirma ainda que “é muito grave que um comandante com alta responsabilidade se arrogue a interferir diretamente no processo eleitoral, algo que as Forças Armadas não faziam desde os sombrios tempos da ditadura”.

O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) também se manifestou sobre o episódio pelo Twitter. “As declarações do General Vilas Boas são inaceitáveis porque ilegais. Em qualquer país em que vigore uma Constituição, o general seria exonerado. Trata-se, na prática, de uma intervenção militar na política. Querem tutelar as eleições e garantir a vitória do candidato nazifascista.”

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