Congresso Nacional

Parlamentares fazem últimas reuniões sobre eleições na Câmara e no Senado

Eleição para presidência e mesa diretora das duas Casas deve ocorrer até quinta-feira (2), e clima ainda é de confusão entre as bancadas. Expectativa é de novos nomes na última hora

Luis Macedo/Ag. Câmara

Brasília – Em meio a especulações sobre políticos denunciados na delação premiada da Odebrecht, pela Operação Lava Jato, parlamentares participam no Congresso das últimas articulações com vistas às eleições para presidência e mesas diretoras da Câmara e do Senado. Deputados e senadores começaram a chegar à capital desde o final de semana, e as bancadas fizeram diversas reuniões ontem (30) e programaram outras para hoje. Pelo menos quatro serão as candidaturas apresentadas na Câmara, mas alguns apoios ainda não estão definidos. No Senado, são candidatos Eunício Oliveira (PMDB-CE) e José Medeiros (PSD-MT).

As principais informações de líderes são de racha entre os integrantes dos partidos que dão sustentação à base aliada do governo. Principalmente na Câmara, em função dos trabalhos para apoio, pelo Executivo, à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) – que ainda corre risco, remoto, de ser impugnada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ontem, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), que tinha suspendido sua candidatura na semana passada, anunciou a reentrada na disputa. Outros candidatos são André Figueiredo (PDT-CE) e Jovair Arantes (PTB-GO). Júlio Delgado (PSB-MG) também tem trabalhado uma candidatura de oposição a Rodrigo Maia, mas ainda não houve confirmação desta formalização. Maia ainda não se apresentou formalmente como candidato, mas é o preferido na disputa.

A bancada do PT, que ficou de definir de que forma participará do pleito – se apoiando alguma candidatura ou lançando algum nome –, é outra que estuda a possibilidade de apresentar o deputado Paulo Teixeira (SP) como candidato. “A possibilidade de uma candidatura própria existe, mas não é a nossa prioridade. Vamos conversar para decidir, dentro da bancada, que posição tomar, para que o PT marche unido”, disse ontem o líder da sigla, Carlos Zarattini (SP).

Por sua vez, Rogério Rosso, ao justificar a retomada de sua candidatura, disse que tomou a iniciativa porque esperava que, a esta altura, o STF já tivesse decidido algo sobre a impugnação ou não do candidato Rodrigo Maia. “Como isto não aconteceu, reafirmo que estou na disputa”, destacou, num tom de ironia em relação à demora do tribunal.

Queixa do Centrão

No último domingo, integrantes do PTB tornaram pública uma queixa que teria sido feita nos bastidores ao presidente Michel Temer sobre a atuação do Palácio do Planalto em defesa de Rodrigo Maia.

O candidato representante do Centrão (bloco parlamentar formado por 14 siglas, que apoia o governo Temer), Jovair Arantes, tem se queixado de ser da base aliada e estar sendo preterido por ministros do Executivo – quando inicialmente, o presidente da República tinha dito que não iria interferir na disputa. “O governo não pode ignorar os que o apoiam em detrimento de outro nome. O melhor é não se envolver na disputa conforme tinha  nos prometido antes”, reclamou Arantes.

“O que precisamos saber é se a reação contrária a Rodrigo Maia será maior que a vontade de vários partidos de apresentarem candidatura própria”, afirmou um peemedebista que pediu sigilo de sua identidade. O temor dele é de que, sem um consenso por parte dos que rejeitam a recondução do atual presidente, os demais deputados terminem por garantir que Maia saia vitorioso.

Os deputados do PMDB pretendem só fechar questão a respeito do tema a partir desta terça-feira. Mas já está sendo dado como certo o apoio da sigla à candidatura de Maia. O PSDB, por outro lado, saiu na frente: declarou que seus deputados vão votar todos em Rodrigo Maia. A reunião da bancada do PMDB está marcada para as 11h desta terça-feira. A da bancada do PT será realizada às 14h40.

Surpresas no final

Enquanto na Câmara o clima é de confusão entre os partidos, no Senado, apesar da aparentemente tranquila preponderância da candidatura de Oliveira e do segundo nome em torno de Medeiros, oposicionistas falam em possíveis surpresas a serem apresentadas brevemente. O que mais se comenta é na possibilidade de ser lançado até o último minuto, pela oposição, algum nome de consenso que se contraponha aos dois candidatos já existentes.

Também foi colocada em questão pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) o fato de Eunício Oliveira ter seu nome ligado às aguardadas delações premiadas da Odebrecht, homologadas ontem pela ministra Cármen Lúcia. Caso isto aconteça, Eunício Oliveira pode vir a ser réu e perder o cargo de presidente do Senado em pouco tempo.