Depois do golpe

Ciro Gomes critica entrega do pré-sal e venda da BR Distribuidora: ‘Crime de lesa-pátria’

Pedetista critica ainda PEC 241, que revoga a Constituição para colocar recursos no 'poço sem fundo da dívida pública a qualquer custo social e político'

Jeso Carneiro/Flickr CC

Ciro Gomes: “Eles vão vender agora o filé que é a BR Distribuidora. São uns canalhas”

São Paulo – O fim da exclusividade da Petrobras na operação de exploração do pre-sal previsto no Projeto de Lei 4.567, de José Serra (PSDB), em tramitação no Congresso, a venda de campos do pré-sal e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela por 20 anos investimentos da União na saúde e educação, entre outras áreas, foram duramente criticados por Ciro Gomes em São Paulo. Em encontro com estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo Francisco, na região central, na noite de ontem (18), o pré-candidato à Presidência da República em 2018 pelo PDT chamou o presidente Michel Temer (PMDB) de “golpista, salafrário e tinhoso” e de “lesa-pátria” o desmonte da Petrobras e o processo de venda da BR Distribuidora.

Ex-governador do Ceará (1991-1994) e ministro da Fazenda de Itamar Franco (1994-1995) e da Integração Nacional no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006), Ciro afirmou que após consumado o impeachment “os golpistas” estão tentando encerrar a Operação Lava Jato e entregar a Petrobras e as reservas petrolíferas.

O Brasil produz hoje 3,3 milhões de barris de petróleo por dia, metade vinda do pré-sal. “Com o preço em baixa, não há nenhuma razão para apressar investimentos. Com a sobra no país, estão exportando a preço de banana para o estrangeiro. E agora vendem o campo de Carcará, que a Petrobras gastou uma fortuna para descobrir e certificar as reservas. E o Tinhoso, o golpista, o salafrário que está no poder no Brasil  vendeu o campo para uma estatal da Noruega. Transferiu do povo brasileiro para o norueguês um patrimônio que pertence aos nossos filhos e netos”, criticou.

“Eu tive a pachorra de fazer os cálculos. Saiu por U$ 1,35 cada barril de petróleo de Carcará. Evidente que temos de ponderar em cima disso os investimentos que vão ter de fazer, mas porra! O petróleo está a 52 dólares o barril. Não dava para acertar nem em 2 dólares? Eles vão vender agora o filé que é a BR Distribuidora. São uns canalhas.

O pedetista associou à manipulação midiática para desqualificação da política, com fins eleitoreiros, o processo de entrega do petróleo nacional para interesses estrangeiros. “E tudo isso na nossa barba, diante da nossa catatonia, porque estamos distraídos pela novelização do escândalo que nos fez descrer na política. E vocês me elegem o (João) Doria (prefeito eleito de São Paulo, do PSDB). Vai dormir com um barulho desses.”

PEC 241

Ciro foi enfático também ao criticar o avanço da PEC 241, que considera um dos principais objetivos do golpe parlamentar e midiático que levaram ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

“Querem controlar o orçamento da União para gerar excedentes, a qualquer custo social e político, para colocar no poço sem fundo da dívida. É a PEC 241 que está seguindo para votação. Isso significa, na prática, a revogação da bem intencionada, porém incongruente, Constituição de 1988”, disse. “Neste ano, 45,16% do Orçamento vão para pagamento de juros e amortizações. O restante é para tudo o mais, saúde, educação.”

Ex-professor de Direito Constitucional, Ciro não poupou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. “E antes de a gente representar ações contra a PEC no STF, o Mendes vai à TV e a defende. Não é possível. Isso vai ter um milhão de ações. E o Supremo vai ter de examinar porque essa proposta fere cláusulas pétreas da Constituição. Vocês já imaginaram se um ministro da Suprema Corte dos Estados Unidos ou da Inglaterra vai à TV defender uma proposta dessas?”


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