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Advogado e Eduardo Cunha dizem que cassação ameaça outros parlamentares

Segundo defensor de peemedebista, seu cliente é vítima de um 'linchamento'. 'Quando se quiser inutilizar inimigos políticos, o precedente estará pronto', afirma

luís macedo/agência câmara

Deputados protestam contra o deputado afastado durante sessão sobre cassação do mandato

São Paulo – O advogado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) usou na noite de hoje (12), no plenário da Câmara dos Deputados, uma estratégia de ameaça velada sobre os deputados que vão decidir sobre a cassação do parlamentar. Segundo ele, seu cliente é vítima de “um linchamento”. “(Cunha) está sendo linchado, porque não há prova alguma. Esse linchamento servirá como precedente para vários outros (parlamentares). Esse julgamento sem prova está criando esse precedente”, afirmou o defensor Marcelo Nobre. A sessão começou por volta das 20h30, com 401 deputados presentes.

O advogado de Cunha acrescentou: “Quando se quiser inutilizar inimigos políticos o precedente estará pronto. Só no STF estará garantido o direito à ampla defesa”. Em linguagem jurídica, o defensor reforçou o que foi interpretado como ameaça já feita anteriormente pelo próprio Cunha.

Logo depois do advogado, Cunha passou a fazer sua própria defesa e reiterou a ameaça. “Não é Eduardo Cunha, não. Amanhã vai ser qualquer um de vocês.” Ele disse que seu julgamento é político e acusou o PT de “montar um esquema criminoso”. Negou ter ameaçado parlamentares caso perca o mandato.

Ele já havia afirmado em entrevista divulgada nesta segunda-feira na Folha de S. Paulo: “Se cassarem um ex-presidente da Câmara com uma situação absurda, tendo um processo judicial em curso, amanhã não poderão cassar qualquer um?”, questionou. “Falam que fiz ameaça quando disse que mais de 160 parlamentares estão sob investigação, com inquérito, processo. Se eles forem julgados pelo texto da acusação, não vai sobrar ninguém”, disse ao jornal.

Com voz aparentemente embargada, o ainda deputado apelou também para a emoção. “Pode ser a última vez que ocupo esta tribuna. É uma forma injusta de cassar o direito dos meus eleitores. Vocês vão estar aviltando a vontade dos meus eleitores”, reclamou. Declarou que está pagando “o preço de ter conduzido o processo de impeachment” e ter tirado o PT do poder. “É o preço que eu estou pagando para o Brasil ficar livre do PT.” Cunha terminou seu discurso de 25 minutos supostamente chorando.

Ao defender a cassação, o deputado e relator do processo Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que existem diversas provas contra Cunha, por exemplo sobre “o objetivo de mascarar contas no exterior”. “Ele usou a CPI na Petrobras para barrar as investigações da Lava Jato. Mentiu para ocultar o pagamento de propina”, disse Rogério. “É um trama digna de roteiros policiais.”

Uma das provas apresentadas pelo relator está no relatório e foi citada em sua defesa da cassação. Segundo o relatório, ante a solicitação de um banco suíço no qual Eduardo Cunha mantinha conta,  uma contra-senha secreta “para o caso de o cliente esquecer a própria senha e precisar acionar o help desk, os respectivos campos foram preenchidos com as seguintes pergunta e resposta: ‘My mother´s name’ e ‘Elza’, numa inequívoca referência à mãe do representado, de nome Elza Consentino da Cunha”.

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