Ato em Salvador

Sem citar nomes, Dilma diz que golpe é para ‘esconder o que mostram as gravações’

Para a presidenta afastada, 'golpistas conspiradores' querem abafar liberdade dada pelos governos petistas para investigação de todos os crimes

Roberto Stuckert Filho/PR

Em ato em Salvador, Dilma destacou que golpe mira também nos direitos sociais e na questão de gênero

São Paulo – Em ato em defesa da democracia realizado na tarde de hoje (16), em Salvador, a presidenta afastada Dilma Rousseff afirmou que a principal motivação do “golpe”, por meio de processo de impeachment, é esconder o conteúdo das gravações divulgadas recentemente, por meio de delações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato. A fala foi feita em frente à Assembleia Legislativa da Bahia, onde Dilma havia recebido o título de cidadã baiana.

“A gente considera que haja três motivos para o golpe. O primeira deles é esconder algo que não pode mais ser escondido, porque veio à luz através de gravação dos próprios golpistas conspiradores. E é a seguinte fala: ‘Vamos tirar esse governo para acabar com a sangria, combater a corrupção, e para que nós não sejamos atingidos pela liberdade para investigação de todos os crimes dada nos governos de Lula e Dilma’”, disse.

Em depoimentos por meio de delação premiada, o ex presidente da Transpetro Sérgio Machado e seus familiares citaram o nome do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), 106 vezes; do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), 52 vezes; do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, 40 vezes, do presidente interino Michel Temer (PMDB-SP), 24 vezes, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, três vezes. O nome de Dilma não foi mencionado nenhuma vez. A palavra propina foi usada 85 vezes.

Conforme tem afirmado em outros encontros e manifestações populares, Dilma mencionou o ataque aos direitos sociais e a questão de gênero entre os principais motivos do impeachment. E citou também cortes em programas federais como Prouni, Fies e ameaças a políticas afirmativas e de combate à desigualdade, como a política de cotas nas universidades e no serviço público.

A presidenta destacou o anúncio de redução dos gastos em saúde e educação. “Eles estão desmontando o que construímos. Nosso povo não aprovaria desmonte desses ministérios de direitos humanos e muito menos cortes de investimentos.”

Da cerimônia de entrega do título a Dilma participaram políticos, apoiadores, sindicalistas e movimentos sociais, que prestaram apoio à presidenta. A homenagem foi proposta feita pelo deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), como forma de agradecer por ações e programas de governo que, segundo ele, “beneficiaram o povo baiano e toda a região Nordeste”.

“Receber o título de cidadã baiana, para mim, é uma honra e me sinto muito orgulhosa. Porque a Bahia é onde nasceu o Brasil. A Bahia é o símbolo da nossa diversidade cultural e tem a representação da alma brasileira. Eu sempre digo ao meu amigo Jaques Wagner (ex-ministro e ex-governador) que toda vez que venho à Bahia é algo que me alegra muito, porque eu sempre levei comigo, da Bahia, uma imensa energia positiva, uma imensa força de vida”, afirmou Dilma.


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