Café da manhã

Dilma se diz confiante e avisa que ‘não dá para antecipar resultados’

Negociações continuam e líderes da base alertam para chamada 'guerra psicológica' feita pela oposição, que diz contar com votos suficientes para o impeachment. 'Não é bem assim', afirma Paulo Teixeira

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi

Dilma agradeceu aos deputados e senadores e reforçou que vai lutar pelo seu mandato até o fim

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje (14), no Palácio da Alvorada, líderes e parlamentares da base do governo para um café da manhã, em que travou uma conversa franca sobre o processo de impeachment. O evento foi uma tentativa de passar um recado positivo para que a base de apoio ao governo se mantenha unida pela derrubada do impeachment, reforçando informações de que as negociações continuam, na busca por votos, até o último minuto.

Ao mesmo tempo, o Executivo tentou mostrar aos parlamentares que a presidenta continua confiante e serena em meio à turbulência. Dilma recebeu palavras de apoio e agradeceu aos deputados e senadores e reforçou que vai lutar pelo seu mandato até o fim.

A primeira declaração de apoio à presidenta partiu do ministro Jaques Wagner, para quem Dilma tem a característica de crescer nos momentos de adversidade. Em seguida falou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que saiu da reunião afirmando que a presidenta está confiante, firme, fez um discurso forte e foi bastante aplaudida.

A reunião também teve o objetivo de minimizar o impacto das informações de que os favoráveis ao impeachment contariam com número bem maior do que o esperado para conseguir aprovar o processo no próximo domingo (17). As contas de votos favoráveis e contra o processo são feitas e refeitas a todo momento, a partir da movimentação das bancadas partidárias.

“Cenário forjado”

Um dos que mais defende a tese de que a oposição infla os números sobre o apoio ao golpe é o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Na noite de ontem, Teixeira afirmou que “a oposição tem investido em mentiras para forjar um cenário supostamente consolidado”. Em sua opinião, “a realidade que se consolida para o próximo domingo é de que o golpe será derrotado”. “A lógica do ‘fato consumado’ da oposição de direita é mais uma estratégia golpista para dissimular a verdade inexorável dos números”.

Conforme o prognóstico feito pelo parlamentar, o apoio ao governo e pela derrubada do impeachment será observado nas bancadas do PMDB, PR, PSD, PDT, PTB, PROS, PHS, PTN, PT, PCdoB, PSOL, Rede, PSB e PTdoB e pode chegar a 205 votos (são necessários 171 para barrar o impeachment).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) é outra que demonstra preocupação com o que chamou de “guerra psicológica” em curso na Câmara.”Querem passar um clima de já ganhamos”, disse, numa referência aos oposicionistas. “A guerra contra o golpe passa pela ‘disputa psicológica’, e é claro que não há legitimidade no discurso da oposição de que eles têm votos suficientes para o impeachment. Nem eles nem a grande mídia sabe o mapa real de votos”, assegurou a parlamentar.

Já oposicionistas, como o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), afirmam contar com perto de 400 votos e dão como certo o afastamento da presidenta.

As articulações, entretanto, continuam intensas por parte de ambos os lados e analistas e cientistas políticos que estão observando cada detalhe desse xadrez confirmam a todo instante a mensagem que o Palácio do Planalto tentou passar esta manhã: resultado mesmo, só dá para ser computado a partir do início da tarde de domingo – diante de tantas mudanças e anúncios de última hora sobre o posicionamento dos deputados.

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