Câmara federal

PP convoca reunião para tentar unificar posição sobre impeachment

Turno da tarde na sessão da Câmara tem como destaques reunião de última hora do partido e críticas de oposicionistas ao discurso a ser feito por Dilma, que pode ficar restrito às redes sociais

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados

Para oposição, o discurso dos parlamentares da base aliada tem sido voltado para a militância

Brasília –A bancada do PP continua dividida em relação ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff e, em razão disso, a legenda realiza nova reunião hoje (15). Esse é um dos dois assuntos que correm os bastidores da Câmara hoje. O outro é a confusão provocada por alguns parlamentares da oposição, que criticaram o discurso previsto para ser feito esta noite, pela presidenta Dilma Rousseff, em cadeia nacional.

No caso de Dilma, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República confirmou que o discurso não será mais realizado em cadeia nacional de rádio e TV, para evitar, segundo líderes da base aliada, futuras contestações judiciais. Mas a fala da presidenta já foi gravada e pode ser liberada dentro de pouco tempo, para veiculação nas redes sociais. Os oposicionistas não comentam publicamente, mas em reservado, veem a manifestação como uma forma do governo tentar convocar a militância para pressionar os indecisos contra o impeachment.

Já em relação ao PP, começa a ficar maior a separação entre os deputados favoráveis e contrários ao impeachment, embora continue maior o número de integrantes do partido que se posicionam favoráveis. Um dos pepistas que pediu a reunião foi o deputado Jerônimo Goergen (RS), que acusou o deputado Dudu da Fonte (PE) de ter ido nos últimos dias, no Palácio do Planalto, para contabilizar o número de parlamentares da sigla que apoiam o governo e prometem dar voto contrário ao impeachment.

Segundo ele, a legenda não pode ter integrantes com visões diferentes sobre essa questão. “Precisávamos tomar uma posição clara e tentaremos acertar os ponteiros de uma vez, nesta reunião”, destacou.

Para a maior parte dos deputados da oposição que já se pronunciaram no plenário, o discurso dos parlamentares da base aliada tem sido voltado para a militância, como forma de estimular o clima contra impeachment no país. Mas eles continuam garantindo que a votação está ganha e dão como certo o afastamento de Dilma.

“A presidenta será afastada porque estamos cumprindo a lei. O momento é de coragem por parte de todos nós, é de votar pelo sim ao impeachment”, afirmou o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), repetindo o tom de vários colegas de partido que têm aproveitado para contestar as acusações de que quem quer o afastamento é golpista.

Os deputados da base aliada, por sua vez, aguardam o momento dos seus partidos passarem a discursar e dizem que existe “uma preocupação nítida” dos oposicionistas com a quantidade de votos. “Vamos esperar o domingo, para ver se esse falso prognóstico pregado pelo pessoal do PSDB e do DEM se confirma”, ressaltou Henrique Fontana (PT-RS), ao acrescentar que “o impeachment não prosperará”.

Holofotes

Deputados aproveitam os holofotes da sessão do impeachment realizada hoje (15) para falar sobre suas origens difíceis, de suas cidades natais, para saudar o eleitorado e até para recitar versos de autores desconhecidos.

Houve até quem destacasse a “juventude da minha terra”, como o deputado potiguar Rafael Mota (PSB). Outro a adotar a mesma linha de discurso foi o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), que lembrou pleitos feitos para implementação de trens e sistemas de transporte para a população da sua cidade de origem, Porto Alegre.

Como foi estabelecido anteriormente, o sistema de fala dos deputados é feito por partido. Até agora, já se pronunciaram parlamentares do PMDB, PT, PSDB, PP, PTdoB e PR. Pela ordem das legendas, a maior parte dos discursos da tarde terminou sendo de tom contrário ao governo e favorável ao impeachment.

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