Articulações

PMDB domina clima de incertezas em Brasília nesta segunda

Governo ainda estuda formas de evitar o desembarque do partido da base aliada e oposicionistas tentam puxar a sigla cada vez mais para perto. Ministros já acenam com possibilidade de entregar os cargos

Antonio Cruz/Agência Brasil

Picciani afirma que mantém sua posição de alinhamento com o Palácio do Planalto

Brasília – Faltando menos de 24 horas para o PMDB decidir se desembarca do Poder Executivo, os ministros peemedebistas e a coordenação política do governo passaram a manhã de hoje (28) negociando formas de fazer com que a ruptura “não seja tão agressiva”. Durante reunião esta manhã entre a presidenta Dilma Rousseff e os ministros da sigla, ficou acertado que eles vão se ausentar da reunião da executiva nacional e pedir para que os diretórios dos seus estados não compareçam ao encontro.

Caso seja decidido mesmo pelo fim da aliança, os ministros tentarão manter os cargos que a sigla possui no governo (calculado em aproximadamente 500, em todos os estados) até, pelo menos 12 de abril – tempo considerado suficiente para avaliar o caminho que tomará o partido e para que seja feita uma transição.

A decisão, bastante complicada, mostra que apesar de ser considerada praticamente “irreversível” a saída dos peemedebistas da aliança com o PT firmada em 2010, o caráter dividido do partido ainda perdura. Uma das estratégias da ala mais governista é que a legenda, em caso de vir a se separar do governo, não delibere oficialmente sobre o impeachment. Dessa forma, os peemedebistas ficam liberados para votarem da forma como quiserem na comissão que aprecia o afastamento de Dilma.

A princípio, isto não quer dizer muito, já que a maior parte dos integrantes da sigla que estão na comissão se posicionaram favoráveis ao impeachment. Mas deixa margem para que as negociações entre o Executivo e a ala governista do PMDB tenham continuidade.

Outra articulação que vem sendo conduzida pelo Palácio do Planalto é a de esvaziamento do maior número de caciques do partido ao encontro de amanhã, como é o caso do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e do ex-senador José Sarney (AP) – o que poderia minar as decisões a serem tomadas pelos peemedebistas.

Uma terceira articulação está sendo feita junto ao líder peemedebista na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que mantém posição dúbia em relação à questão.

Picciani, que foi reconduzido ao cargo de líder no início do ano com o apoio do governo, afirma que mantém sua posição de alinhamento com o Palácio do Planalto. Acontece que o diretório regional do PMDB no Rio de Janeiro, seu estado, presidido por seu pai, deputado estadual Jorge Picciani, prega o final da aliança PT-PMDB. Além disso, a bancada fluminense é a que possui maior número de deputados na Câmara – 12.

Picciani disse hoje que apesar da posição da bancada do estado que integra, faz parte do grupo que prega um maior afastamento, mas não uma ruptura total do PMDB com o Executivo. Ele afirmou que vai aguardar a reunião de amanhã para se posicionar melhor e que, se o resultado a ser votado for vinculado a um desembarque do governo de maneira muito forte, será contra a decisão.

Outro que prega maior equilíbrio nas negociações é o ministro de Minas e Emergia, senador Eduardo Braga (AM). “Acho precipitada essa decisão. Não podemos decidir pela saída do partido do governo e uma ala grande do PMDB continuar atrelada. Isso vai provocar rupturas e o enfraquecimento do partido”, afirmou.

As reuniões continuam sendo realizadas entre os senadores e no gabinete do vice-presidente da República, Michel Temer. Atualmente, 14 dos 27 diretórios estaduais do PMDB anunciaram que vão votar pelo desembarque do partido.

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