crise e golpismo

Requião: ‘Tese do impeachment é uma coisa absolutamente ridícula’

Líderes de legendas ligadas à esquerda debatem o atual cenário político brasileiro no Fórum Social Temático de Porto Alegre

Guilherme Santos/Sul21

Rui Falcão e Roberto Requião: preocupação com o avanço do conservadorismo político no país

São Paulo – “O que está em jogo hoje é a questão democrática. Surgiu diante dos nossos olhos o embrião do Estado de exceção dentro do Estado de direito (…) precisamos de mais força, mais lutas, para além dos partidos e centrais sindicais.” Assim, o presidente do PT, Rui Falcão, criticou o Judiciário durante a mesa “Democracia e desenvolvimento em tempos de golpismo e crise”, ontem (20) no Fórum Social Temático de Porto Alegre.

Também participaram do debate, entre outros, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), o vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, e o ex-presidente do PSB Roberto Amaral. Com mediação da presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, e de Rogério Pantoja, da CUT, os presentes analisaram a atual conjuntura política, demonstrando preocupação com avanços do conservadorismo e do golpismo no país. “As razões estão, entre outros fatores, da nação como um todo reconhecer a intervenção estrangeira e de se proteger contra isso”, alertou Requião.

O peemedebista criticou as ações da oposição, dizendo que a “tese do impeachment é uma coisa absolutamente ridícula; porque nada mais fez o governo do que pegar dinheiro em um caixa e colocar em outro caixa para suprir programas sociais”. Para o senador, tal ideia corrente surge de “uma disputa política insana movida a ódio”. Rui Falcão seguiu a mesma linha de Requião, classificando como “factoide antidemocrático” o posicionamento do PSDB que pede a cassação do registro do PT.

O ex-presidente do PSB alertou sobre os riscos do avanço da direita no país. “Estamos vivendo uma tentativa de aniquilamento das forças populares e da esquerda no Brasil. O PT é o alvo principal agora, mas não se enganem, não é o único (…) É a mais enérgica tentativa da direita brasileira neste sentido. Vejo ameaças maiores inclusive do que as de 1964. A direita brasileira tem um projeto protofascista em curso”, afirmou.

Amaral prosseguiu em tom de alerta, apresentando argumentos para tal ascensão do ódio nas ideologias neoliberais de direita. “Em nenhum momento ameaçamos o capitalismo. A direita latino-americana aceita quase tudo menos a emergência social das classes populares. Isso percorre toda a história da América Latina e ajuda a entender o ódio contra Chávez, contra os Kirchner, contra Evo Morales, Rafael Correa, entre outros. O que derrubou Jango não foram as reformas de base, mas sim a emergência das massas”, disse, referindo-se ao golpe civil-militar que derrubou, em 1964, o presidente João Goulart.

Após o apoio do PSB à candidatura de Aécio Neves (PSDB) no pleito eleitoral de 2014, Roberto Amaral, um dos fundadores do partido, deixou a legenda. Em seu discurso, demonstrou preocupação com o atual momento. “Vou dizer uma coisa que talvez espante – porque vivi 64 – mas hoje vejo forças piores do que em 64”, disse.

Amaral citou a Frente Brasil Popular como uma coalizão necessária para combater as forças retrógradas e disse que o movimento “espera pelo PDT”. A luta, em sua visão, ultrapassa a defesa do mandato de Dilma Rousseff. “Mantido o mandato da presidenta, ou vencidos nós e vencedores eles, a onda de direita permanecerá. Não se contentarão com a deposição de Dilma e não se contentarão com a destruição do PT”, afirmou.

Por sua vez, o representante do PDT, Carlos Michelis, afirmou que problemas em relação à educação fazem eclodir a crise política no país. “Os desafios do momento podem ser outros, mas a causa primeira, os elementos fundantes de uma sociedade estão na educação. Precisamos resgatar o compromisso com o ensino público, porque nenhuma nação se reergue de um golpe se não tiver consciência”, disse Michelis, em referência ao líder e fundador do PDT, Leonel Brizola, que construiu mais de 6 mil escolas em seu mandato como governador do Rio Grande do Sul (1959-1963).

Com informações do FSMT 2016


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