REPERCUSSÃO

Cristovam Buarque acusa negociata na reforma; PMDB elogia ‘xadrez político’

Ex-governador do Distrito Federal diz que PDT vai 'mergulhar no abismo de um governo que se exauriu'. Para Eliseu Padilha, interesses do povo brasileiro prevaleceram em detrimento dos partidários

Geraldo Magela/Agência Senado

Para Cristovam Buarque, o acerto do PDT com o governo deveria envergonhar o partido

Brasília – Mal foi anunciada a reforma ministerial e administrativa, os parlamentares já correm para articular o rearranjo nas lideranças dos partidos políticos da Câmara e Senado e para sanar qualquer tipo de arranhão com os descontentes. E apesar dos cuidados com o PMDB observados nos últimos dias, a principal insatisfação demonstrada hoje no Congresso se deu por parte do PDT, cujo líder, André Figueiredo (CE), assume agora o Ministério das Comunicações. Além de deixar a liderança da sigla na Câmara, o que leva à discussão de um substituto para a vaga entre os pedetistas, a entrada de Figueiredo no governo representa um retorno da legenda à base aliada. E teve como um dos principais críticos o senador e ex-governador Cristovam Buarque (DF).

“O PDT vai mergulhar no abismo de um governo que se exauriu, em troca de um ministério, poucas semanas depois de o partido ter anunciado formalmente que romperia com esse mesmo governo”, disse o parlamentar, do plenário do Senado. Para Buarque, que protestou contra a decisão de forma dura, “o que houve nos acordos feitos pelos pedetistas pode ser chamado de negociata”. E o gesto, segundo ele, deveria “envergonhar o partido”.

Já o ministro da secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS) – ligado ao vice-presidente Michel Temer, do PMDB, e que permanece no cargo –, elogiou o xadrez político que levou à mudança e afirmou, em nome dos peemedebistas, que a legenda “tem tudo para ficar satisfeita”. De acordo com Padilha, a presidenta Dilma Rousseff “fez tudo o que podia fazer” para conseguir maior conciliação entre a base aliada. Por isso, a avaliação dele é de que a bancada da sigla no Congresso esteja otimista. “Não sairemos da crise econômica sem sair da crise política e, sem equilíbrio fiscal, não sairemos da crise”, acentuou.

Também o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (PT), que também falou com os jornalistas pouco depois da solenidade, ressaltou que com o anúncio da reforma “se construiu a estabilidade política necessária para o país”. O ministro repetiu palavras destacadas pela presidenta e ressaltou que, com as medidas, os interesses do povo brasileiro prevaleceram em detrimento dos partidários. “Com a reforma, teremos a estabilidade política necessária para retomada do crescimento”, destacou.

Embora o PT tenha participado amplamente da solenidade e demonstrado apoio à reforma, continuou repercutindo entre os integrantes do partido o entendimento de que a perda sofrida pela legenda no rearranjo das pastas ministeriais foi grande, principalmente com a entrega do Ministério da Saúde para o PMDB. Mas o líder da sigla no Senado, Humberto Costa (PE), reiterou mais uma vez a importância do gesto para o reequilíbrio político do país. “Tivemos perdas sim, mas é preciso entendimento e compreensão neste momento”, acentuou.

Chamou a atenção, na solenidade, além da presença de três governadores considerados importantes para a construção da reforma – Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro (PMDB), Camilo Santana, do Ceará (PT), e Wellington Dias, do Piauí (PT) – também a referência feita pela presidenta Dilma não apenas a todos os líderes partidários presentes ao Planalto, como também aos vice-líderes. Como poucas vezes eles são citados pela presidenta em atos oficiais, o gesto foi visto como uma busca por maior diálogo com a base aliada.

De acordo com informações da Secretaria de Comunicação da Presidência, a posse dos novos ministros ocorrerá de forma coletiva na terça-feira (6). Será em solenidade a ser realizada no Palácio do Planalto, às 10h.

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