Análise

Para Igor Fuser, democracia brasileira é incompleta, precária e ilusória

No Dia Internacional da Democracia, comemorado ontem (15), professor aponta o financiamento privado e o monopólio da informação como limitadores do sistema democrático brasileiro

reprodução/TVT

“O que está acontecendo na vida nacional não expressa a escolha dos eleitores”, diz Igor Fuser

São Paulo – Ontem (15), foi celebrado, em todo o mundo, o Dia Internacional da Democracia. A data, instituída pela ONU desde 2007, visa fortalecer os valores da governança democrática e dos direitos humanos. Para o professor de Relações Internacionais Igor Fuser, da Universidade Federal do ABC (UFABC), o Brasil, apesar de viver o mais longo período democrático da história, não tem muito o que comemorar nessa data. “A nossa democracia é incompleta, é precária, e, em grande medida, é ilusória”.

Segundo Igor, além dos brasileiros não serem todos iguais perante a lei, não existe igualdade de direitos no sistema eleitoral. “O sistema eleitoral beneficia os mais ricos, quem não tem dinheiro não pode se candidatar  com chances e, inclusive, é o sistema eleitoral que induz a corrupção,  porque os candidatos, para viabilizarem suas candidaturas, recorrente a dinheiro privado, dinheiro de empresas que vão financiar as campanhas milionárias e, depois de eleito, esses políticos vão ter que devolver esses favores a esses empresários, na forma de favorecimentos ilícitos, na forma de ilegalidades”, explica o professor, em entrevista ao Seu Jornal, da TVT.

O monopólio da informação é outro complicador. “Para haver democracia, é necessário que todos os cidadãos tenham acesso ao conhecimento, tenham informações sobre o que acontece e tenham acesso às ideias relevantes que existem na sociedade. No entanto, essas grandes empresas de mídia, que controla a informação nesse país, filtram as notícias, filtram as ideias, selecionando apenas as informações e as ideias que condizem com seus interesses”, denuncia Igor.

Na opinião do professor, o momento político é preocupante, pois a vontade do povo, expressa nas urnas em outubro passado, segundo ele, não está sendo exercida, e cita ultimato proferido pelo jornal Folha de São Paulo, em editorial, no último final de semana. “A presidenta Dilma se viu emparedada. Ou Dilma faz o que os grandes bancos, as grandes empresas, os setores conservadores da política brasileira e da mídia querem, ou então, o jornal diz claramente, ela vai ser retirada do seu cargo, de alguma maneira, que eles não dizem exatamente qual é”, analisa.

“É uma chantagem contra o governo, e a gente vê, do outro lado, um governo enfraquecido, infelizmente, dando sinais de que está cedendo a essa ameaçam, a essa chantagem.  É um momento muito difícil, porque o que está acontecendo na vida nacional não expressa a escolha dos eleitores brasileiros, em outubro do ano passado. Isso é completamente antidemocrático”, conclui o professor.