São Paulo – O deputado estadual Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), saiu ontem (21) em defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dia após este último ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República como parte das investigações da Operação Lava Jato. Em discurso durante um evento da Força Sindical, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulinho, presidente licenciado da central, foi enfático ao tentar desqualificar as denúncias. ” Cunha é a pessoa mais correta que já conheci na vida”, afirmou.

Segundo jornais como Folha de S.Paulo e O Globo, Cunha foi recebido e até ovacionado pelos presentes ao auditório daquele sindicato.

Cunha foi denunciado na quinta-feira (20) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusado de ter recebido pelo menos 5 milhões de dólares, entre junho de 2006 e outubro de 2012, para viabilizar a contratação de dois navios-sonda de uma empresa privada pela Petrobras. Rodrigo Janot, procurador-geral da república e autor da denúncia, pede 184 anos de prisão para o parlamentar.

Em seu discurso, o presidente da Câmara afirmou que afirmou que não cogita renunciar ao cargo, mesmo diante da possibilidade de se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF). “Não há a menor possibilidade de eu não continuar no comando da Câmara, abrindo mão daquilo que a maioria absoluta me elegeu em primeiro turno. Renúncia é um ato unilateral. Isso não faz parte do meu vocabulário, e não fará. Assim como covardia.”

O deputado tem 15 dias para apresentar sua defesa ao STF, mesmo prazo concedido ao senador e ex-presidente Fernando Collor, igualmente denunciado à Suprema Corte pela PGR.

Segundo informa em seu portal, a Força recebeu Cunha para uma “visita institucional”, que serviu para debater, “com sindicalistas e trabalhadores projetos de lei de interesse da classe trabalhadora que estão em tramitação na Câmara.

Paulinho afirmou que “quando recebe as reivindicações dos trabalhadores, o deputado Eduardo Cunha cumpre sua palavra quando faz promessas”, e enumerou a votação do fim do Fator Previdenciário e a correção do FGTS como exemplos de compromisso com os trabalhadores. Não há referências à votação comandada por Cunha que aprovou o projeto que autoriza a terceirização irrestrita de atividades das empresas – combatida pela CUT e outras centrais sindicais, mas apoiada pela Força. A redução da maioridade penal também não foi citada.

Sobre a visita de Cunha, o presidente da Força, Miguel Torres, disse que a central “é plural, e luta pelos interesses dos trabalhadores debatendo com representantes de todos os segmentos da sociedade”. A agenda da Força prevê ainda uma visita do ministro da Secretaria-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, na terça-feira (25).