Manifestações

Aécio comparece a ato em Belo Horizonte para apoiar impeachment

Reivindicação principal na Praça da Liberdade é a saída da presidenta Dilma Rousseff, seja por impeachment ou por renúncia. Presença de senador causa surpresa

Futura Press/Folhapress

Aécio vai a protesto e assume vocação golpista com a presença de cerca de 2.000 pessoas

Belo Horizonte – Cerca de 2.000 manifestantes estiveram presentes à passeata de protesto ao Governo Federal hoje (16), em Belo Horizonte. O evento foi realizado na Praça da Liberdade, região centro-sul da capital mineira. Vestidos à caráter – em sua maioria, com roupas verdes e amarelas, simbolizando as cores da bandeira nacional –, os manifestantes entoaram palavras de ordem, como “Fora, PT”, “Fora, Dilma” e gritos afins, inclusive “Fora, Lula”, que não se encontra mais na presidência. Entidades como Patriotas.net, Movimento Vem Pra Rua e Movimento Pró Brasil marcaram presença no encontro.

A manifestação teve como objetivo, segundo seus organizadores, de lutar contra a corrupção e, dentre os mais radicais, “livrar o Brasil do comunismo”, ressuscitando fantasmas da época da Guerra Fria. Com a presença de quatro trios elétricos – em um dos quais a execução do Hino Nacional foi acompanhada pelo público estendendo a mão direita –, o discurso teve como elo unificador a derrubada da presidenta Dilma Rousseff. Houve, inclusive, quem defendesse uma “saída constitucional” por meio de intervenção militar – tal público, composto por militares da reserva, era, entretanto, minoria.

Além de Dilma e Lula, Fernando Pimentel, atual governador mineiro pelo PT, também foi alvo dos manifestantes que empunhavam cartazes com os dizeres “Fora, Pimentel”. Chamou a atenção uma faixa estendida nas grades do Palácio da Liberdade, antiga sede do governo estadual, apoiando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Com os dizeres “Não adianta isolar o Cunha, somos milhões de Cunhas – impeachment já!”, ficou claro o apoio dos movimentos presentes para o peemedebista na sua investida pelo impeachment da presidenta Dilma. Cabe ressaltar que Cunha foi citado na Operação Lava Jato, com denúncia de ter recebido propina de US$ 5 milhões em contratos da Petrobras.

Elemento surpresa

Em se tratando de uma manifestação realizada em plena manhã de domingo, causou surpresa a presença do senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado à presidência da república nas últimas eleições. Pela primeira vez presente numa manifestação, o senador subiu em dois trios elétricos e foi fortemente aplaudido pela assistência presente – houve vaias, porém, em expressão muito menor do que as palmas.

“Quem vai tirar o Brasil da crise são vocês. Chega de mentira e de corrupção. Estamos juntos, porque o meu partido é o Brasil”, afirmou Aécio, do alto do trio elétrico do Movimento Brasil Livre. Ao lado de outros tucanos, os deputados estaduais João Leite (tido pelos presentes como “próximo governador de Minas Gerais”) e Marcus Pestana, Aécio fez uma caminhada pelas alamedas da Praça da Liberdade, sendo inclusive carregado nos ombros dos presentes em um determinado momento.

A jornalistas, o tucano disse que não foi aos outros dois protestos – realizados também na Praça da Liberdade em março e em abril – porque “o protagonismo das manifestações é dos brasileiros”. Questionado por que foi agora, respondeu que “para demonstrar claramente que as manifestações não são dos partidos políticos, são da sociedade”. “Estamos aqui como parte da sociedade indignada, sem querer qualquer protagonismo”, afirmou.

O público, a olhos vistos, estava alvoroçado e a todo custo tentava uma selfie com o senador ou simplesmente apertar as mãos de Aécio. O discurso do público presente era majoritariamente antipetista e, exceto pelo desejo de ver Aécio presidente, não trouxe propostas concretas e pragmáticas de mudança para o cenário colocado.

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