‘Tempo de guerra’

Para Articulação de Esquerda, ‘espírito’ de petistas cutistas é majoritário nas bases

Tendência do PT defende no Congresso do partido em Salvador que, apesar das conquistas, o segundo mandato de Dilma não corresponde ao apoio dos movimentos progressistas e de trabalhadores à reeleição

Salvador – A tendência petista Articulação de Esquerda (AE) defende, em manifesto à militância petista e aos delegados do 5º congresso nacional do PT, em Salvador, que o partido deve “voltar para a classe trabalhadora”. O manifesto é uma atualização de documento já divulgado anteriormente intitulado “Um partido para tempos de guerra” e afirma que as decisões e deliberações do evento realizado entre hoje e sábado (11 a 13), na capital baiana, “incidirão sobre o presente e o futuro de todos os setores sociais, das classes trabalhadoras ao empresariado e dos que ampliaram recentemente sua capacidade de consumo aos setores médios tradicionais”.

O documento argumenta que as decisões vão influenciar a política externa brasileira, com destaque para as relações com os Estados Unidos e com os Brics, além da integração latino-americana e caribenha.

De acordo com o texto, “o melhor e mais recente exemplo do apelo por mudanças imediatas e profundas é o manifesto assinado por todos os petistas que integram a executiva nacional da CUT, intitulado O PT de volta para a classe trabalhadora”.

O texto da Articulação de Esquerda destaca, do documento dos cutistas-petistas, que a classe trabalhadora obteve ganhos significativos nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, com “políticas econômicas e sociais positivas para a maioria do povo brasileiro”, entre as quais a valorização do salário mínimo e a criação de 22 milhões de empregos formais.

Mas, apesar das conquistas, o segundo mandato de Dilma não corresponde ao apoio dos movimentos progressistas e de trabalhadores à reeleição e não dialoga com as centrais sindicais. “Aproveitando-se dessa situação, a oposição e a direita cresceram nas ruas e nas instituições, com o apoio da grande imprensa”, diz o documento da CUT.

Na opinião dos sindicalistas, o PT “ficou no meio do fogo, ora dando sustentação às medidas de ajuste fiscal do governo, ora defendendo corretamente as nossas bandeiras, como na luta contra o PL 4.330 da terceirização”.

A aprovação das medidas provisórias 664 e 665, que, segundo as centrais, restringem direitos trabalhistas e previdenciários, “causou profunda decepção na militância sindical petista”.

Segundo a Articulação de Esquerda, “o espírito presente neste manifesto dos petistas cutistas é amplamente majoritário nas bases do partido”.

A tendência, que tem em Valter Pomar (SP) um de seus principais expoentes, afirma ainda que após a vitória de Dilma na eleição do ano passado “corremos um sério risco de desmonte e reversão das mudanças feitas ao longo dos últimos 12 anos”. Segundo ela, a “ofensiva conservadora” no Congresso Nacional demonstra esse risco, com a defesa de redução da maioridade penal, ampliação da terceirização com o PLC 30 (que tinha o número 4.330 no Câmara) e a constitucionalização do financiamento empresarial de campanha, entre outros exemplos.

No contexto político, a Operação Lava Jato, ataques à Petrobras, mobilizações da “direita golpista” agravam o quadro, diz a AE.


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