Eleições 2014

‘Alckmin não tem coragem para enfrentar as facções criminosas’, diz Padilha

Em entrevista a jornal, candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes faz duras críticas ao atual governo e afirma que gestão estadual 'está matando o Cantareira por causa da eleição'

Bruno Ulivieri/Brazil Photo Press/Folhapress

‘PSDB jogou a corrupção de 15 anos de escândalo do metrô pra debaixo do tapete’, afirma petista

São Paulo – Segurança pública, metrô e crise no abastecimento de água foram os temas que se destacaram na entrevista do candidato do PT ao governo de São Paulo, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, ao jornal O Estado de S. Paulo no final da tarde de hoje (7). “O governador (Geraldo Alckmin) não tem coragem para enfrentar as facções criminosas no estado e seus líderes”, disse, ao participar da série de conversas promovida pelo jornal. Na mesma seara, Padilha afirmou que pretende “acabar com a violência da polícia na periferia contra os jovens negros” e se declarou “contra qualquer alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente e a redução da maioridade penal”.

Na visão do candidato petista, Alckmin tenta desviar atenção dos problemas de seu governo ao ir a Brasília cobrar aprovação de projeto de sua autoria que torna mais rígida a legislação sobre menores infratores. Para Padilha, “em ano de debate eleitoral, (Alckmin) quer tirar o foco da falência da segurança ao defender a redução da maioridade penal”.

Na terça-feira (5), o governador paulista se reuniu com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para pedir celeridade ao projeto que aumenta de três para oito anos o período de detenção de menores de 18 anos que cometerem crimes hediondos. Alckmin participou da série de entrevistas do Estadão com candidatos na segunda-feira (4). Na ocasião, o governador defendeu a polícia do estado. ““Precisamos parar de falar mal da polícia”, afirmou.

Padilha disse que “o partido (PSDB) que governa há 20 anos não cuidou dos jovens e colocou os índices de educação abaixo dos índices do pais”.

Questionado sobre o caso do deputado estadual Luiz Moura, acusado de ligação com membros do PCC, defendeu seu partido e o processo de expulsão do parlamentar. “A tal operação (da Polícia Civil) que dizia que tinha 13 membros do PCC (em suposta reunião com Moura) até hoje não prendeu ninguém. O PT foi rápido e decidiu pela expulsão. Eu defendi a expulsão, a executiva defendeu e o PT vai defender sua posição perante a justiça.”

O candidato petista disse ser “fundamental separar o que é manifestação democrática e o que é vandalismo”. “Abomino qualquer atitude de violência, que tem de ser fortemente repreendida. Abomino posturas de violência (da polícia) como no Pinheirinho”, alfinetou, em referência à desocupação da comunidade em São José dos Campos pela Polícia Militar em janeiro de 2012. Padilha afirmou que pretende criar uma força paulista integrada entre as polícias Civil, Militar e Técnica.

Água e transporte

O postulante petista ao Palácio dos Bandeirantes disse que o governador omite a real crise de abastecimento de água em São Paulo por motivos eleitorais. “Em fevereiro foi decretado racionamento em Guarulhos. De março para cá, em bairros da periferia. O governador tem que assumir o racionamento que já está fazendo.” Ele defendeu a CPI da Sabesp, criada ontem (6) na Câmara Municipal de São Paulo, para investigar se o contrato entre a companhia e o município está sendo cumprido, e afastou a conexão entre a apuração e as eleições. “Isso que o atual governo faz com o Sistema Cantareira e com o Alto Tietê é tão grave que todos têm que fazer isso (apurar). O governador está matando o Cantareira por causa da eleição.”

Padilha também comentou o caso do cartel que operava no sistema de metrô e trens da Região Metropolitana. “O PSDB jogou a corrupção de 15 anos de escândalo do Metrô pra debaixo do tapete. Escolheu o Robson Marinho como raposa para tomar conta do galinheiro.”

Robson Marinho é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. É suspeito de ter supostamente recebido propina para aprovar contratos da Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE) com consórcio formado pela francesa Alstom, durante o governo de Mario Covas (1995-2001). Em maio deste ano, a Promotoria do Patrimônio Público e Social do Ministério Público de São Paulo, dizendo ter “provas robustas” de corrupção, propôs uma ação cautelar pedindo que Marinho fosse afastado do cargo. O Judiciário ainda não se pronunciou.

Na opinião do petista, “São Paulo não aguenta mais a lentidão das obras de metrô”. Ele disse que pretende criar o Bilhete Único Integrado para fazer a interação entre Metrô, CPTM, ônibus da EMTU, e levar o metrô a cidades da Grande São Paulo, como Guarulhos e o ABC.

Ele também foi questionado sobre a crise da Santa Casa de São Paulo. “A causa do fechamento da Santa Casa, o provedor falou: o governo do estado não repassa o valor que o governo federal envia.”

Um dos jornalistas presentes à entrevista perguntou ao ex-ministro, diante dos “índices ruins” de avaliação da gestão de Fernando Haddad, como ele vai “carregar” o prefeito da capital na sua campanha. “O lugar que um prefeito de uma cidade com a dimensão como São Paulo tem que ter. Que criou os corredores de ônibus. Uma cidade que poderia estar muito melhor se o metrô estivesse funcionando como deveria”, respondeu o petista.

Em outro momento, o mesmo jornalista demonstrou incômodo com as críticas ao governador Geraldo Alckmin. “A cada pergunta o senhor faz uma critica”, afirmou o jornalista Marcelo Godoy. “Eu sou oposição”, retrucou Padilha.